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Reinaldo Azevedo

Briga feia: Requião ameaça Jucá com seus cachorros, e Jucá responde com a matemática

Reinaldo Azevedo

31/07/2017 16h51

Requião e Jucá: um ameaça soltar os cachorros; o outro quer soltar os números do Fundo Partidário

Pois é…

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) sempre foi chegado a uma bravata, não é? Foi um dos mais fiéis escudeiros de Dilma Rousseff e, ao longo do tempo, foi se tornando, na retórica ao menos, um esquerdista empedernido. Não tenho nenhum preconceito em relação a ele. Foi, por exemplo, o relator do projeto que muda a lei que pune abuso de autoridade, tratado pela Lava Jato como mero instrumento dos que querem acabar com a "Forca Tarefa". E isso era mentira.

Requião, no entanto, não costuma gostar de imprensa livre. Se preciso, ele arranca microfone da mão de jornalistas, não é? E eu não tenho razão nenhuma para apreciar o seu estilo. Seu estilo ou suas metáforas.

O homem resolveu gravar um vídeo contra o seu colega de partido e de Senado Romero Jucá (PMDB-RR), que presidem o partido. E fez, até onde se pode entender, uma ameaça. O caso é o seguinte. Há uma disputa pelo comando do PMDB no Paraná. Segundo Requião, de um lado, estão as pessoas sérias, ele e seus amigos; de outro, ora vejam, "azinimiga", como dizia a Popozuda, antes de ser tragada pelas feministas de butique.

Disse que, quando seus cachorros ficaram sabendo que Jucá estaria querendo expulsá-lo do partido, "a cachorrada ficou desesperada". E emendou: "Romero Jucá, se eu solto a minha cachorrada contra você, vai ser bem mais sério que uma busca da Polícia Federal ou da Lava-Jato".

Como todo mundo sabe, "cachorrada", no submundo do crime da política, quer dizer grupo de "capangas".

Dado que Requião não deve estar pensando em entrar com seus cachorros de quatro patas no Senado — até porque é proibido —, deve ter falado por metáfora. Se a sua "cachorrada" não significa "capangas", tem de explicar o que disse. O vídeo está aqui.

https://www.youtube.com/watch?v=vWfDamnkujE&feature=youtu.be

Jucá responde
O senador Romero Jucá respondeu à provocação. Disse não ter medo de Requião. Afirmou que não tinha decidido por ação nenhuma contra Requião antes do vídeo, mas agora sim. E faz uma acusação objetiva: "Nós não temos irregularidades no PMDB nacional, nas contas do PMDB. Mas nós estamos investigando que o fundo partidário do Paraná, nas últimas eleições municipais, gastou 95% na campanha do seu filho, que teve um resultado ridículo; expôs o partido a um vexame. Portanto, nós estamos claros, nós estamos abertos e nós vamos discutir o PMDB com o senhor e com quem quiser".

Nota: Requião Filho ficou em quinto lugar no primeiro turno na eleição pela Prefeitura de Curitiba, em 2016. Obteve apenas 52.017 votos — 5,6% do total de válidos. Se, de fato, ficou com 95% do Fundo Partidário do PMDB do Paraná, tratou-se da não-eleição mais cara do país. Assista ao vídeo de Jucá.

https://www.youtube.com/watch?v=SU1SGEBTXC8&t=9s

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.