Joesley se mostra feliz por soltar a bomba da tramoia com o MPF. E comemora: "Vou pra Nova York"
Conteúdo de outras gravações de conversa de Joesley Batista com seus, como direi?, "colaboradores" vem a público. Mais uma vez se revela a natureza da arquitetura criminosa do acordo celebrado pelo empresário com o Ministério Público Federal. Um órgão do Estado brasileiro meteu-se numa tramoia de natureza objetivamente golpista sob o pretexto de combater a corrupção.
Já está evidenciado que membros do MPF organizaram a operação que resultou na gravação das conversas de Joesley com o presidente Michel Temer e com o senador Aécio Neves. Isso, por si só, segundo a lei, torna ilegal o que quer que daí tenha derivado. Que se dane a lei! Vozes influentes, imprensa incluída, se perdem na falsa questão, que poderia ser assim sintetizada: "A suspensão dos benefícios da delação de Joesley e associados não anula as provas". Raquel Dodge, nova procuradora-geral, por exemplo, disse isso em sua coletiva. Essa relação tem a validade de uma nota de R$ 3. Não é o fim dos benefícios que define se a prova vale ou não, mas a ilicitude da operação que resultou no que chamam de "prova".
Um dos diálogos ora revelados reúnem Joesley, os advogados Francisco de Assis e Silva (também delator) e Fernanda Tórtima e o executivo Ricardo Saud, o onipresente. Estão num carro, a caminho do aeroporto. Tudo indica que o chefão da J&F acabara de entregar à Procuradoria-geral da República as respectivas gravações das conversas que mantivera com o presidente Michel Temer e com o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Joesley não está tenso. Está feliz. Exultante mesmo. E comemora:
"Agora eu vou para Nova York. Vou amanhecer em Nova York. Eu vou ficar aqui, você tá louca? Soltar uma bomba dessas e ficar aqui fazendo o quê?".
Entenderam? Os brasileiros que se virem, que se lasquem, que arquem com o custo da "bomba". Ele quer mais é ficar em Nova York. Tórtima evidencia ser mesmo uma pessoa digna daquela turma. Afirma: "Para eles, é bom que você se empirulite [sic] do Brasil. Se for para dar imunidade, é melhor que você fique fora. Você longe daqui, sumindo, as pessoas esquecem que você ganhou imunidade".
Joesley está eufórico. Refere-se à conversa que gravou com o presidente:
"O que eu vou provocar, além de tudo? Uma: quem gravou. Não é que foi o garçom que gravou, porra! Foi o maior empresário brasileiro, 11h da noite e tal".
Em outra gravação, o falastrão conversa com os advogados sobre o risco de Janot recusar a delação. Afirma Assis e Silva: "Nós temos um risco. O risco é um: o comprometimento político de Janot com Temer".
Ao que responde o empresário:
"Eu acho que não existe… Pra mim, Janot quer ser o presidente da República… ou indicar quem vai ser".
E o advogado emenda:
"Eles querem foder o PMDB, eles querem acabar com eles".
Eis a qualidade da operação que quase conduziu o país ao abismo.