Com Lula condenado, Ciro fez cara de triste, mas estava contente; Bolsonaro fez cara de contente, mas estava triste
Para usar a síntese de um amigo, quando o TRF-4 confirmou a condenação de Lula, aumentando-lhe a pena, Ciro Gomes fez cara de triste, embora estivesse contente. E Jair Bolsonaro fez cara de contente, embora estivesse triste.
Por quê? Com Lula candidato, duvido que Ciro disputasse a eleição. Sem o petista, ele aparece em segundo lugar em dois cenários. Mesmo quando Lula é posto no páreo, ele aparece na faixa dos 7%, empatado com Geraldo Alckmin (PSDB), embora disponha de máquina muito menor. No segundo turno, empata com o tucano.
O sonho de Ciro — e até de alguns petistas — caso Lula não possa mesmo concorrer (e acho que não vai) é celebrar um acordo com o PT e passar a ser o nome de Lula. A hipótese parece remota hoje, mas absurda não é.
A maioria dos petistas, no entanto, aceitaria, sim, uma composição com Ciro desde que este topasse ser vice, coisa de que ele nem quer ouvir falar. Os "companheiros" apostam que Lula, mesmo que venha a ser preso, põe um escolhido no segundo turno.
E Bolsonaro? Bem, ele é o candidato da polarização extremista. Seus bate-paus na Internet vivem de pregar o "perigo vermelho", a ameaça que Lula representaria, a comunização do Brasil e outras boçalidades generalistas. Sem o ex-presidente na disputa, diminui o apelo circense da ideologia mambembe do bolsonarismo. Mesmo que o PT construa um outro nome, cai o vigor do embate.
E que se registre: Bolsonaro segue estacionado. Move-se muito pouco com ou sem Lula no embate.