Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida. O tempo é a minha matéria, o tempo presente. E a profunda e silenciosa alegria
Caras e Caros,
Escolhi uma mistura de Drummond com Bandeira para presentear os amigos. E também os leitores.
De Drummond:
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
*
A que responde Bandeira:
Nós caminhávamos de mãos dadas, com solenidade,
O ar lúgubre, negro, negros…
Mas dentro em nós era tudo claro e luminoso!
Nem a alegria estava ali, fora de nós.
A alegria estava em nós.
Era dentro de nós que estava a alegria,
— A profunda, a silenciosa alegria…
*
Feliz Natal e um 2019 a ser domado pelo pacto civilizatório.