BRUMADINHO E O GOVERNO BOLSONARO 4: Conselheira do voto único contra a ampliação da produção chamou o truque de “abominável”
Mas há o voto contra a ampliação da produção naqueles termos: com pressa e sem o devido rigor técnico. E dado como muita ênfase. Sua autora é Maria Teresa Viana de Freitas Corujo, do Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (Fonasc). Reproduzo suas palavras:
"Sobre essa questão da classe 4 e do licenciamento ambiental concomitante em uma única fase, o nosso parecer de vista apontou trechos do Parecer Único da Suppri [Superintendência de Projetos Prioritários], que claramente demonstram que essa ampliação e continuidade da Mina da Jangada, concomitante com Córrego do Feijão, é para até 2032, um incremento de 88% na produção. Eu nem tenho a palavra certa para falar, mas é abominável que tenhamos hoje esse empreendimento como classe 4, quando sempre foi classe 6"
Rodrigo Ribas, superintendente do Supri (Superintendência de Projetos Prioritários) contestou Maria Tereza com indignação. Afirmou: "Nós tivemos muita tranquilidade naquele parecer que elaboramos e estamos muito seguros em relação a ele". Deixo claro mais uma vez: a licença dada não teve influência no desastre. Ela apenas evidencia descolamento da realidade. Ora, como é que se considera de baixo risco a operação numa área — autorizando a ampliação da produção em mais de 70% — em que se rompe uma barragem que nem está mais recebendo rejeitos, barragem esta cuja segurança era igualmente atestada? Sim, é fato: se o voto de Maria Tereza tivesse triunfado, o rompimento teria acontecido do mesmo jeito, mas, ao menos, saberíamos que o conselho estava ciente dos riscos e não procurava edulcorar a realidade.
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