O GENERAL E O MST 4: Ainda que a esquerda tarde um pouco a perceber, escolha de general para o Incra marca um bom recuo de Bolsonaro
Por estranho que possa parecer a muitos, em especial aos que têm um viés de esquerda, entendo que a escolha de um general da reserva — sim, o governo está cheio deles! — para cuidar da área marca um recuo do governo na disposição de dar ao tema mero trato ideológico, afrontando e desconsiderando os grupos organizados que se batem em favor da questão. Como já disse mais de uma vez: Bolsonaro acerta quando recua e erra quando avança. Se bem se lembram, a linguagem de campanha e os primeiros passos logo depois da vitória pareciam tendentes a fazer tábula rasa de demandas que os brucutus de extrema-direita — que nada têm a ver o liberalismo; são apenas reacionários néscios — consideram, como é mesmo, coisa do "marxismo cultural" ou do "comunismo internacional".
Os generais têm mais experiência, por óbvio, do que essas nulidades intelectuais e morais nascidas do berreiro da Internet. Dado o amálgama político-ideológico do grupo que chegou ao poder, fiquem certos: um civil que fosse escalado para a área estaria sujeito a pressões paralisantes. Não iria conseguir trabalhar. Jesus Correa tem uma condição estrutural, nesse governo, para fazer a coisa avançar: autoridade junto aos pares — sim, isso é relevantíssimo. Se a coisa vai andar, não sei.
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