DESASTRES DE BOLSONARO 2: “Isso (intervenção na Venezuela) não acontecerá”
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O potencial ganho econômico da ida de Bolsonaro aos EUA fica abaixo de zero, no negativo, porque, caso realmente ocorra a renúncia a prerrogativas na OMC, os cofres sairão perdendo. Episódios desastrados se somaram, como a ida do presidente à CIA; a entrevista constrangedora concedida à Fox News, em que defendeu o muro separando os EUA do México e atacou os imigrantes, ainda que potenciais — as desculpas posteriores não convenceram; a declaração de apoio à reeleição de Donald Trump, o que é um absurdo em si… Mas nada foi tão deletério como o capítulo "Venezuela".
Bolsonaro revelou, vejam vocês!, que o país vizinho foi um dos temas da sua visita à CIA, como se fosse corriqueiro que um chefe de Estado visite uma agência de Inteligência, espionagem e contraespionagem para tratar da situação interna de uma nação fronteiriça. Mas o mais preocupante não foi isso.
O presidente brasileiro disse confiar na capacidade "bélica" nos EUA para resolver a questão. Na entrevista conjunta, concedida ao lado de Trump, falou-se abertamente de intervenção militar, o que o americano não descartou. Indagado se o Brasil cederia território para manobras militares americanas, Bolsonaro alegou que não trataria de questões estratégicas, sugerindo, então, que algo está desenhado.
Trata-se de uma elevação inútil da tensão com o vizinho. Nicolás Maduro é um ditador? É. Isso, no entanto, não está em debate.
Na alta cúpula das Forças Armadas, não há um só militar que ache aceitável uma eventual guerra com a Venezuela. Além do custo que isso implicaria, consideram-se as consequências para o subcontinente, de uma diversidade política desconhecida nos EUA: partidos e correntes de esquerda disputam eleições com chances de vitória em vários países que fazem fronteira com o Brasil. Os militares brasileiros não querem ser vistos como gendarmes da região, a serviço de Washington.
Na fala de um deles: "Isso simplesmente não vai acontecer". E, por "isso", entenda-se tanto o envolvimento direto numa guerra com a Venezuela como o eventual apoio logístico a uma intervenção americana. Mas há mais.
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