Topo

Reinaldo Azevedo

A saga de Maia 2: Moro apela a populismo, cita Deus e fala como candidato

Reinaldo Azevedo

21/03/2019 06h18

Sérgio Moro, ministro da Justiça: ele carrega cada vez mais no tom populista. Agora, nem Deus escapa

O ministro Sérgio Moro reagiu muito mal à fala correta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Falou, parece-me, como quem almeja voos maiores. De olho em 2022. E falou até em Deus. Divulgou a seguinte nota:
"Sobre as declarações do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, esclareço que apresentei, em nome do governo do presidente Jair Bolsonaro, um projeto de lei inovador e amplo contra crime organizado, contra crimes violentos e corrupção, flagelos contra o povo brasileiro. A única expectativa que tenho, atendendo aos anseios da sociedade contra o crime, é que o projeto tramite regularmente e seja debatido e aprimorado pelo Congresso Nacional com a urgência que o caso requer. Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais. Essas questões sempre foram tratadas com respeito e cordialidade com o Presidente da Câmara, e espero que o mesmo possa ocorrer com o projeto e com quem o propôs. Não por questões pessoais, mas por respeito ao cargo e ao amplo desejo do povo brasileiro de viver em um país menos corrupto e mais seguro. Que Deus abençoe essa grande nação".

Apelar a Deus numa nota oficial emitida em nome do Ministério da Justiça, acusando, de forma enviesada, os contendores de adiar indefinidamente o combate à corrupção, reitere-se, é conversa de candidato.

Ou por outra: o digníssimo ministro atravessou a Esplanada dos Ministérios, meteu-se em outro Poder e criou dificuldades adicionais para a reforma da Previdência.
Continua aqui

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.