Felizes para o abismo 2: Enquanto escrevo, sem reforma! Vamos ver a saída
Neste momento, enquanto escrevo, não existe nem existirá reforma da Previdência. Os erros de condução são de tal sorte que o governo conseguiu perder os votos que tinha. E há forte resistência entre os parlamentares do PSL.
Seria exaustivo e, convenham, desnecessário elencar as tolices e algumas torpezas nestes quase três meses. A mim me basta como síntese da gestão uma frase do próprio presidente, dita numa "live", em que estava ladeado por dois generais, e repetida depois no estupefaciente jantar na embaixada brasileira em Washington: "Num primeiro momento, a gente tem mais é de desfazer muita coisa errada do que de fazer". A fala não seria aceitável, vinda da boca de um governante, nem em países em que se morre mais de tédio do que de bala. Eis a evidência de que a agenda única do governo, quando a Previdência não está em pauta, é desconstruir aquilo de que não gosta — o que dificilmente, ou nunca!, contribui para melhorar a vida das pessoas.
A cobrança obviamente vai crescer. Ainda que a reforma da Previdência saísse a contento, e ficará longe disso, os efeitos positivos na economia demorariam a chegar. Ocorre que a questão, para inverter o que há muito é um clichê, não é a economia, mas "é a política, estúpido!" E ninguém tem o direito de se dizer surpreso. De boa-fé, para evitar o ceticismo preguiçoso, somos tentados muitas vezes a um "Quem sabe dê certo"… Acontece que os círculos do bolsonarismo deveriam ter uma inscrição no seu portal: "Deixai fora toda a esperança, ó vós que entrais". Há muitos entusiastas iniciais já desiludidos, a menear a cabeça: "Não adianta!" E parece não adiantar.
O espetáculo de amadorismo deslumbrado e doidivanas da visita de Bolsonaro aos EUA, de que a entrevista à Fox News foi exemplo inequívoco, e o imbróglio adicionado à reforma da Previdência, com o inoportuno, extemporâneo e contraproducente plano de reestruturação da carreira dos militares — o que vai dar um quiproquó dos diabos —, evidenciam alienação.
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