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Reinaldo Azevedo

SEMPRE ELES 3: Moro detonou pessoalmente a maior bomba contra a reforma

Reinaldo Azevedo

25/03/2019 07h07

Eis, então, que Sérgio Moro, o Pai de Todos, que Bolsonaro fez o desfavor a si mesmo de meter no governo, vai à Câmara e resolve expelir regras ao presidente da Casa, justamente Rodrigo Maia, aquele que vinha mantendo já uma relação algo tensa com Bolsonaro porque a ele, Rodrigo, coube os esforços de fazer avançar a reforma da Previdência, mas sem o concurso do Planalto, que nem governa nem deixa governar. Ainda há pouco, no Chile, Bolsonaro afirmou que a reforma é um problema do Congresso. Isso corresponde a tentar lavar as mãos. Não é, não! O Congresso vota, mas é um problema principalmente do Executivo. Parece visível que o presidente escolhe um "virem-se vocês aí que não quero perder ainda mais popularidade". Moro não é burro nem nada. Sabia que a cobrança pública que fez a Maia para que seu pacote dito anticorrupção e anticrime tramitasse ao mesmo tempo em que tramita a reforma da Previdência era um chute na canela daquele que se tornara o principal esteio da proposta formulada por Paulo Guedes. E houve a reação. O presidente não advertiu seu ministro. Carlos, o filho predileto, saiu nas redes sociais a demonizar Maia. Moro não só emitiu uma nota malcriada, sugerindo que o deputado quer procrastinar o combate à corrupção, como gravou uma versão em áudio da dita-cuja, que circula freneticamente por aí. Um lava-jatista de primeira grandeza, que jamais disse uma palavra em favor da reforma da Previdência — fazendo um jogo político pessoal que ignora o próprio Bolsonaro, já de olho em 2022 —, resolveu detonar uma bomba na relação entre os presidentes da Câmara e da República. E Bolsonaro fez o quê? Só piorou o que já era ruim.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.