LULA FALA 3: Lewandowski atuou para impedir agressão à Carta e ao STF
O despacho é uma soma de aberrações. Coube ao ministro Ricardo Lewandowski lembrar, com correção, que "a decisão da Corte restringia-se exclusivamente aos profissionais de imprensa supramencionados" — no caso, os jornalistas Mônica Bergamo e Florestan Fernandes. O ministro observou que "a liberdade de imprensa, apesar de ampla, deve ser conjugada com o direito fundamental de expressão". E escreveu o que deveria ser óbvio: "Não se pode impor [a Lula] a presença de outros jornalistas (…) sem a expressa autorização do custodiado e em franca extrapolação dos limites da autorização judicial em questão".
É um acinte. É um deboche. Quem deu ao doutor Flores de Lima a competência para descumprir uma determinação judicial? Ou a extrapolação que ele anunciou não era uma forma de mandar o Supremo às favas? Não cabe a um superintendente regional da PF arbitrar, acima do Supremo, sobre o que é e o que não é o exercício de "direitos constitucionais". Mais: apelando ao que considero cinismo constrangedor, resolveu, também ele, colocar-se como paladino do "livre exercício da profissão" — refere-se, no caso, aos jornalistas. É claro que ninguém de boa-fé caiu na conversa. A propósito: quais os nomes dos autores dos pedidos de participação? Quem se apresentou para ser pirata de entrevistas pedidas por outros colegas? O despacho do delegado, que rasgava a decisão do ministro Lewandowski, atendia aos interesses de quem?
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