Só o viés político justifica que BC tenha mantido inalterada taxa de juros
No post anterior, trato das particularidades de termos um general da ativa fazendo política. Mas há um outro palco em que ela sendo articulada: o Comitê de Política Monetária do Banco Central. O Copom manteve a taxa de juros em 6,5%. Tentei encontrar alguma justificativa técnica. Não há pressão inflacionária. Pelo contrário: ela está em queda. A economia só não está exatamente parada porque há sinais de crescimento negativo também no segundo trimestre. O desemprego é assombroso. Sobre o cenário externo, avalia o Banco Central, que se mostra "menos adverso, em decorrência das mudanças nas perspectivas para a política monetária nas principais economias. Entretanto, os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem".
Então manter os juros inalterados por quê? A explicação, parece, está em alguma incerteza que ainda rondaria a reforma da Previdência. Certo! Nesse caso, por que o aperto monetário é útil? E por que este seria compatível com uma desaceleração da economia global?
Ou o Banco Central resolveu usar a taxa de juros para pressionar o Congresso, ou, sei lá, houve por bem, para honrar uma cara tradição, continuar a remunerar acima do razoável os empréstimos tomados pelo governo.
Desde que o BC seja obrigado a prestar contas do seu trabalho ao Congresso Nacional, sou favorável à sua independência. Mas entendo que ele não pode ser independente a ponto de pressionar o ente ao qual teria de prestar contas. Ou, então, a gente funde o BC, a Secretaria de Governo e o Exército num único órgão. Todos farão política e também política monetária. "Ficou louco, Reinaldo?" Se há loucos nesse arranjo, garanto que não sou eu. Por mim, general cuida de soldados; o BC da política monetária, e os políticos, da política.