Escolhido para Receita é bom; terá de combater fungo “Lavajatus cordyceps”
Todas as pessoas com as quais conversei e que conhecem a fundo o trabalho da Receita Federal e seus quadros técnicos, aposentados ou não, dizem que José Barroso Tostes Neto é qualificado para o cargo de secretário do órgão.
Tanto melhor.
A função tem caráter técnico, sim, mas é evidente que também pode estar sujeita à orientação política virtuosa.
A orientação política virtuosa é de direita, de esquerda ou de centro?
Não importa. Ela obedece às escolhas dos governantes.
O que quer Paulo Guedes — ou, para ir ao ponto, Jair Bolsonaro, que deve ser feito dentro dos marcos legais ou que passa pela mudança de tais marcos?
Inaceitável é que se transforme a Receita num órgão de caráter politiqueiro, a serviço de grupos de pressão — seja a Lava Jato, seja qualquer outro.
De saída, recomendo a Tostes Neto que seja um secretário quase mudo, que não fale, não especule em voz alta, não participe dos chamados grupos de fofoca — sobretudo os de mercado.
A Receita que faça o que a lei lhe permite fazer. Se o ministro encomendar estudos disso e daquilo, que sejam mantidos em sigilo até que se transformem em propostas.
E, claro!, que dê curso ao desaparelhamento do órgão, que tem importância central na República.
A Receita é um dos entes que foram tomados pelo "Lavajatus cordyceps", uma variante, na esfera da administração pública, de um fungo que atinge insetos e artrópodes e leva o hospedeiro a agir apenas no interesse do parasita. Pesquisem.
Na natureza, o Cordyceps se desenvolve nas entranhas do hospedeiro até lhe tomar o cérebro. É quando este morre. E de seu corpo brotam como que antenas, em cujas extremidades estão os esporos, que então se espalham para fazer novas vítimas.
A Receita ainda está tomada de "Lavajatus cordyceps", sim! Na natureza, nada há a fazer. O destino do hospedeiro é a morte. Na administração pública, há saída. Basta seguir as regras do jogo.