MINHA COLUNA NA FOLHA: Financie a política em vez de odiá-la
Leiam trechos:
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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), está certo. É uma insensatez manter em R$ 1,7 bilhão o fundo eleitoral. Talvez devesse dobrar.
Alguém escandalizado? Deve estar entre aqueles que acreditam que as eleições do ano passado realmente custaram algo em torno de R$ 3 bilhões —considerados também o fundo partidário e as doações de pessoas físicas.
Com essa bagatela, consta, elegeram-se um presidente da República, 513 deputados, 54 senadores, 1.059 deputados estaduais ou distritais e 27 governadores. Candidataram-se 28.216 pessoas.
É história da Carochinha. A estúpida proibição da doação de empresas jogou o financiamento de campanha numa clandestinidade inédita. Nenhuma imoralidade é tão destrutiva como a do moralismo, que é a moral na sua expressão doentia, fanática, missionária.
Alcolumbre lembra que, no ano que vem, serão eleitos 5.570 prefeitos e 57 mil vereadores. Disputaram o pleito de 2016 nada menos de 481.783 pessoas. Esse número deve crescer.
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O ódio à política permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil. Parafraseio o abolicionista Joaquim Nabuco. Ele escreveu "escravidão" em lugar de "ódio à política". Somos cativos em qualquer caso.
Peço licença para divergir, em parte ou por inteiro, de alguns pares de colunismo ao ver as reações à proposta de aumentar o fundo e às mudanças que o Congresso fez na lei eleitoral.
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A velha esquerda vê os políticos como uma classe social. Representariam os interesses da burguesia espoliativa com o intuito de impedir a ascensão dos oprimidos —os verdadeiros criadores da riqueza.
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Já a direita, velha ou nova —muito especialmente essa turma da Lava Jato, que promove o terror jurídico, com a complacência de setores da imprensa—, vê os políticos como uma casta.
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Políticos não são nem classe nem casta. São apenas o menor dos males possíveis. O sistema precisa de dinheiro para funcionar. Se não for privado, será público. Se não for o legal, será o ilegal.
O custo desse moralismo, potencializado pela gritaria da ágora virtual, é a instabilidade permanente, que só interessa a fascistoides de vários matizes.
Ou alguém alimenta dúvida razoável sobre a distopia que nasceu nesse esterco? Sempre que se aproximam de mim de mim para, por exemplo, elogiar a Lava Jato e atacar o governo Bolsonaro, eu me afasto. "É melhor morrer de vodca do que de tédio".
O moralismo, que é a moral em estado mórbido, entorpece a razão.
Ele agradece.
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