Topo

Reinaldo Azevedo

Mendes vai ao ponto; Bolsonaro se cala; Eduardo elogia binômio criança-arma

Reinaldo Azevedo

23/09/2019 07h17

Gilmar Mendes e Jair Bolsonaro: ministro diz a coisa certa. Presidente prefere o silêncio diante de mais uma morte decorrente de uma política de segurança que ele próprio também defende

Enquanto escrevo estes posts, o presidente Jair Bolsonaro não soltou um pio sobre a morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix. Faz sentido, não é? Fosse alguma cena do Carnaval que ele julgasse incompatível com os bons costumes, recorreria ao Twitter para censurá-la em nome dos altos valores morais da família.

Teve postura digna o ministro Gilmar Mendes. No Twitter, afirmou:
"Os casos de mortes resultantes de ações policiais nas favelas são alarmantes. Agatha é a quinta criança morta em tiroteios no RJ neste ano. Ao total, 16 foram baleadas no período. Uma política de segurança pública eficiente deve se pautar pelo respeito à dignidade e à vida humana".

Outro Bolsonaro, o deputado federal Eduardo (PSL-SP) — que deve ser Indicado pelo pai para a embaixada do Brasil em Washington e candidato a intelectual da família — tratou do binômico criança-armas, mas de outro modo.

Retuitou um vídeo publicado pelo Tenente Santini, vereador do PSD em Campinas, em que este ensina o filho, que deve ter uns dois anos, a empunhar uma arma e enfrentar bandidos. Escreveu o vereador: "Eu brinquei de polícia e ladrão e não virei bandido. O exemplo arrasta".

Eduardo concordou: "Verdade, quando criança também brinquei de polícia e ladrão e não virei bandido. Como diz o Padre Paulo Ricardo temos que ensinar nossos filhos a serem guerreiros do bem".

Tenente Santini, vereador em Campinas, ensina um filho bebê a lidar com arma — no caso, é de brinquedo. Eduardo Bolsonaro achou bacana (Reprodução)

 

 

 

 

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.