Bolsonaro se choca por pouco se o padrão for Bolsonaro. E os “walking dead”
Caminhando pelas ruas de Tóquio, o presidente Jair Bolsonaro decidiu falar sobre a crise no PSL. E fez a seguinte leitura:
"Muita gente novata achando que chega e já sabe de tudo. Eu passei 28 anos ali [no Congresso] sem um cargo. Problema eu tive lá dentro, mas sem chegar ao nível de um parlamentar que chegou agora… Linguajar que nunca vi em lugar nenhum do mundo".
O presidente certamente se referia ao Delegado Waldir (PSL-GO), que o chamou de vagabundo numa reunião privada, gravada por um colega, qualificativo reiterado em entrevista ao Estadão. Parece que ele não liga a própria obra à sua pessoa, não é mesmo?
Ele é o agora ex-parlamentar que afirmou que não estupraria uma colega de Câmara porque ela não merecia. Em entrevista posterior ao jornal Zero Hora, explicou por que não o faria se estuprador fosse: porque ela seria muito feia. Eis o homem que agora reivindica o direito de ficar chocado porque é chamado de vagabundo por um aliado.
Um repórter indagou se "entre mortos e feridos…" Nem terminou o clichê. O presidente emendou: "Todo mundo vivo".
É isso. Todos vivos. Especialmente os mortos para o mundo contemporâneo. É a política na era dos "walking dead".