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Reinaldo Azevedo

Bolsonaro se choca por pouco se o padrão for Bolsonaro. E os “walking dead”

Reinaldo Azevedo

22/10/2019 06h58

Os "walking dead" ideológicos andam por aí, a assombrar o futuro dos vivos (Reprodução)

Caminhando pelas ruas de Tóquio, o presidente Jair Bolsonaro decidiu falar sobre a crise no PSL. E fez a seguinte leitura:
"Muita gente novata achando que chega e já sabe de tudo. Eu passei 28 anos ali [no Congresso] sem um cargo. Problema eu tive lá dentro, mas sem chegar ao nível de um parlamentar que chegou agora… Linguajar que nunca vi em lugar nenhum do mundo".

O presidente certamente se referia ao Delegado Waldir (PSL-GO), que o chamou de vagabundo numa reunião privada, gravada por um colega, qualificativo reiterado em entrevista ao Estadão. Parece que ele não liga a própria obra à sua pessoa, não é mesmo?

Ele é o agora ex-parlamentar que afirmou que não estupraria uma colega de Câmara porque ela não merecia. Em entrevista posterior ao jornal Zero Hora, explicou por que não o faria se estuprador fosse: porque ela seria muito feia. Eis o homem que agora reivindica o direito de ficar chocado porque é chamado de vagabundo por um aliado.

Um repórter indagou se "entre mortos e feridos…" Nem terminou o clichê. O presidente emendou: "Todo mundo vivo".

É isso. Todos vivos. Especialmente os mortos para o mundo contemporâneo. É a política na era dos "walking dead".

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.