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Reinaldo Azevedo

Se estupro passar pelo Congresso, há risco de o Supremo referendar violação

Reinaldo Azevedo

20/11/2019 07h18

No segundo dia do julgamento do mensalão, em agosto de 2012, um filhote de urubu apareceu no STF (Foto: Dida Sampaio/AE). Era, então, só uma ave…

Se o projeto de lei que torna sem efeito cláusula pétrea da Constituição for aprovado pelo Senado e pela Câmara, é claro que ADIs (Ações Diretas de Inconstitucionalidade) chegarão ao Supremo. Afinal, o que se pretende fere o Inciso LVII do Artigo 5º, a menos que se vá considerar razoável que a lei puna quem a Constituição não considera ainda culpado.

Mas há, sim, a chance de o estupro se consumar. Não se esqueçam de que cinco ministros consideraram que o Artigo 283, como está, é incompatível com a Constituição, embora repita o seu conteúdo. É uma aberração, mas é assim. Refiro-me a Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

Ocorre que, entre os seis que declararam o óbvio — havia compatibilidade do artigo com a Carta —, há um que praticamente convidou o Congresso a mudar a lei. Refiro-me a Dias Toffoli, presidente do tribunal. Os outros cinco que votaram de acordo com a Constituição são Marco Aurélio, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello.

Caso Senado e Câmara façam a sandice de aprovar o projeto de lei relatado pela senadora quase-cassada Juíza Selma, há a chance de uma ADI contra a estrovenga perder por 6 a 5. A menos que Toffoli se dê conta do baguncismo institucional a que uma prática como essa daria ensejo.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.