Selic em 14,75%, mas juros reais nas alturas

O PT vai bater bumbo e, de certo modo, seguir o viés da imprensa econômica, que se descuida sempre de economia política para se fixar em alguns fetiches. O BC baixou a Selic, como vocês sabem, em 0,5 ponto percentual: de 15,25 para 14,75. Ah, a menor taxa em 31 anos, tem alardeado o próprio BC. E ainda são os juros reais — e é isso o que importa — mais altos do mundo. Estima-se que o mês termine com taxas reais de 10,2%. O busílis é o seguinte. No annus horribilis de 2002, quando o Babalorixá foi eleito, o risco estava acima de 1.600 pontos, o Brasil exportava a metade, e foi necessário um aporte do FMI. E elas estavam pouco acima de 11%. O risco despencou, as exportações dobraram de tamanho, e os juros estão ainda acima de 10%. E pior: o número começa a chegar perto de um fetiche de uma parcela dos economistas brasileiros que acham temerário para a inflação juros reais abaixo de dois dígitos. Por quê? Sei lá por quê. Eles também não sabem explicar. No próprio governo Lula, já se chegou a índices menores.