“F...-se a língua portuguesa; eu quero é justiça!” Ah, aquela vírgula entre sujeito e verbo...
Sim, claro, preservar a língua portuguesa não é o último valor. Nem deve ser tomada a ação como quem guarda a "última flor do Lácio". Mas o inusitado vai acontecendo com velocidade espantosa. Vejam esta foto.
Eis os intelectuais destes novos tempos: barbárie gramatical com senso de justiça
De terno azul e gravata avermelhada, está o juiz Marcelo Bretas, o mais novo herói do país. Afinal, ele ousou desafiar um ministro do STF que concedera um habeas corpus com nova decretação de prisão preventiva. Recebeu o apoio de… juízes. Vai ver também são favoráveis à extinção do habeas corpus. Mas sigamos.
O penúltimo da ponta direita de quem vê a imagem é Caetano Veloso, que tem até uma música em homenagem à língua portuguesa chamada justamente "Língua".
E, no entanto, o que se vê ali? Gente que se diz de cultura, artistas e juízes, a nata da dita intelectualidade brasileira, a cravar: "BRETAS O Rio, está com você".
Olhem que nem vou pedir para que se coloque a vírgula depois do nome do juiz. Vou fazer de conta que não é um vocativo, que se trata de uma espécie de título. Aquela vírgula, no entanto, entre o sujeito e seu verbo, entre "Rio" e "está", é coisa de analfabetos que se querem pensadores.
Atribui-se a Stálin, embora eu nunca tenha conseguido achar a fonte (se alguém a tiver…), a frase: "Fizemos a revolução, mas preservamos a bela língua russa".
O comunista homicida gostava de estudar linguística quando não estava ordenando a execução de inimigos…
Logo, apreciar a correção gramatical não é uma lição de moral. Tampouco expressão de uma ética superior. Quando, no entanto, juízes, artistas e sedizentes intelectuais posam segurando uma faixa em que se diz que "O Rio VÍRGULA está", eis a evidência de que nem o Rio está mais lá…
Sejamos anti-stalinistas à moda xucra: "F…-se a língua portuguesa. Eu quero é justiça!"
A imprensa, onde, no mais das vezes, a língua já se f…eu faz tempo, aplaude de modo reverente.
