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Reinaldo Azevedo

Fato, não “fake news” 2 – Estudo sobre custo e eficácia prova o que se disse aqui sobre Temer

Reinaldo Azevedo

30/10/2017 07h14

Como vocês viram, o professor Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas, publicou neste domingo, na Folha, texto sobre um estudo seu que evidencia que o presidente Michel Temer estabeleceu a melhor relação entre o custo de governança e as votações no Congresso. Vejam lá no jornal e no meu blog como é que ele chegou ao chamado Índice de Custos de Governo. Para vocês terem uma ideia, o desembolso para Lula administrar a sua base era mais de cinco vezes superior ao de Temer — precisamente, 518,18%. O atual presidente, pois, estabeleceu a melhor relação entre o gasto para esse fim e medidas aprovadas no Congresso.

No dia 30 de abril, escrevi  neste blog, ao comentar números de uma pesquisa Datafolha, o que segue:
A gestão Temer pode vir a ser a mais injustiçada da história. "Injustiçada por quem?" Pela população, ora essa! "Mas, Reinaldo, nas democracias, pode-se dizer algo assim? Pode-se dizer que o povo foi injusto?" Perguntem ao Churchill que não foi reconduzido ao cargo na primeira eleição depois da vitória na Segunda Guerra.
Nas democracias, o povo é sempre soberano. Mas isso não quer dizer que seja sempre justo. Aliás, na maioria das vezes, é injusto e faz besteira. Mas é o que temos, caras e caros. Ninguém inventou nada melhor. Para ficar em Churchill: "A democracia é a pior forma de governo, excetuando-se todas as outras que já foram tentadas
.

No dia 16 de dezembro de 2016, há quase um ano, portanto, escrevi na Folha uma coluna cujo título era "Agenda do governo Temer avança, apesar da histeria dos porras-loucas". E lá se podia ler o seguinte:
Temer está no governo há menos de quatro meses. Há muito tempo, o país não via uma agenda que fizesse sentido. Ou que fosse composta de escolhas que caminham numa mesma direção.

E eu fazia, então, o elenco das realizações do governo em tempo tão curto. As barbaridades da holding "JJ& F" — Janot, Joesley e Fachin" — só viriam a público em maio, mas a pressão sobre o presidente já era grande. Escrevi então:

Ministros do STF, por exemplo, concedem liminares ilegais com mais ligeireza do que César atravessou o Rubicão. São os Césares de hospício! Procuradores têm a ousadia de convocar as ruas contra o Congresso, exibindo algemas como credenciais políticas. Parlamentares sonham com retaliações…

Ainda assim, nesse pouco tempo, o governo Temer conseguiu:
a – aprovar uma PEC de gastos que, quando menos, impedirá o Brasil de virar um Rio de Janeiro de dimensões continentais:
b – aprovar na Câmara a medida provisória do ensino médio, depois de enfrentar um cipoal de mistificações e desinformação;
c – aprovar a MP do setor elétrico, área especialmente devastada pelo governo de Dilma Rousseff, a dita especialista;
d – aprovar o projeto que desobriga a Petrobras de participar da exploração do pré-sal –e contratos já foram fechados sob os auspícios do novo texto;
e – aprovar a Lei da Governança das Estatais, que é o palco principal da farra;
f – apresentar uma boa proposta de reforma da Previdência, que vai, sim, enfrentar muita resistência;
g – no BNDES, ultima-se o levantamento do estrago petista, e o banco se prepara para retomar financiamentos
.

Obviamente, sei o que me custou e tem custado andar na contramão de uma espécie de psicose coletiva que tenta nos impedir de ver o óbvio. E não que a vida esteja fácil e que os brasileiros tenham muitos motivos para comemorar. Mas estamos saindo do buraco. E isso se deve, sim, a escolhas certas que o presidente Temer está fazendo.

O texto publicado na Folha neste domingo, que remete a um estudo sério, dá uma medida objetiva a essa eficiência do governo. Eficiência, reitero, dentro do que é possível fazer.

Temer deve deixar o hospital Sírio Libanês nesta segunda. Sabe que, não fosse o coquetel de canalhices e ilegalidades que o colheu em maio, é bem provável que o país tivesse encaminhado uma reforma política digna do nome — com voto distrital misto já a partir de 2022 e uma forma decente de financiamento de campanha. Não foi possível. Também a reforma da Previdência já teria deslanchado. Infelizmente, os conspiradores malucos roubaram isso dos brasileiros.

Ainda assim e a despeito de todas as dificuldades, os números o exibem fartamente, o governo funciona, apesar dos que apostaram no caos: esquerda, direita xucra, setores da imprensa, oportunistas e até alguns togados.

Mas aí está. FHC, Lula ou Dilma… Nenhum deles tem lições a dar ao presidente sobre governança. E nenhum deles, é fato, viveu circunstâncias tão dramáticas.

Que cesse a sabotagem para que o país possa avançar. Temer passará a faixa a seu sucessor ou sucessora no dia 1º de janeiro de 2019. O golpismo perdeu. E os números da relação do presidente com o Congresso ajudam a explicar por quê.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.