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Reinaldo Azevedo

Com Tasso e Perillo fora da corrida, Alckmin vai assumir o PSDB. Bicudos não se beijam 1

Reinaldo Azevedo

28/11/2017 05h16

Perillo, Alckmin e Tasso: chega-se a um consenso em nome da sobrevivência, mas…

Tudo certo e nada lugar.

Digamos que essa frase resume a solução a que chegou a cúpula do PSDB nesta segunda. Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, veio a público para anunciar que aceita, sim, ser o presidente do partido, como havia sugerido há tempos o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Alckmin estava reticente. Até porque suas aspirações, nesse particular, estavam contempladas pela candidatura de Tasso. Diante da derrota certa para Marconi Perillo, governador de Goiás, o senador tentou ver se inverte aquela máxima de Quincas Borba, personagem de Machado de Assis, que, invertida, ficaria assim: "Ao perdedor, as batatas". Explico.

Tasso, derrotado certo, renunciou para obrigar o então futuro vitorioso a renunciar também em nome da "pax tucana". E Perillo abriu mão da candidatura, sim, conforme o próprio Alckmin anunciou. O nome do governador de São Paulo, candidato certo à Presidência da República, surge como resposta à crise interna. Mas aí os problemas estão apenas começando.

Não é impossível presidir o PSDB e disputar ao mesmo tempo a Presidência, mas a tarefa é difícil. A chance de que Alckmin tenha, durante a campanha, de se licenciar é grande. Se eleito para o Planalto, tem de renunciar ao comando da sigla. E quem assume? Dadas as regras atuais, quem preside o partido escolhe o nome a seu gosto. "Por que não Tasso?" É o que eu chamo de inverter a frase de Quincas Borba: "Ao vencedor, as batatas". É uma das divisas do humanitismo, "filosofia" que aparece esboçada em "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e, com mais detalhes, no livro chamado "Quincas Borba", ambos de Machado de Assis. Ao renunciar agora para eventualmente assumir depois, Tasso tentou ficar com as batatas mesmo sendo o perdedor.

Perillo teria sido o vencedor se resolvesse bater chapa com Tasso, o que evidencia que o senador Aécio Neves, ainda presidente licenciado da legenda, embora severamente atingido pelo flagrante armado pela dupla Rodrigo Janot-Joesley Batista, mantém grande influência no PSDB. Assim, o mais provável é que haja alguma mudança nas regras internas para decidir o futuro comando caso Alckmin venha a se licenciar durante a campanha presidencial ou tenha de renunciar ao comando partidário se eleito sucessor de Temer. Mas que mudança seria essa? Isso não está claro nem foi acertado no tal jantar. Segundo informou o governador, a questão se ajeita na convenção. Vamos ver.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.