É preciso considerar a capacidade que o erro tem de fazer história. Bicudos não se beijam 3
O governador Geraldo Alckmin (SP) vai assumir a presidência do PSDB. Isso significa cuidar da estratégia do partido nas suas mais variadas frentes de disputa. Não é tarefa trivial. E terá os perrengues com a própria candidatura.
Por que pessoas sensatas tomam decisões estúpidas, erradas? Não sei. A atual crise no tucanato começou quando a holding "JJ&F" (Joesley, Janot e Fachin) atuou para fabricar um flagrante contra o senador Aécio Neves, presidente agora licenciado, que desceu, então, aos infernos. Tucanos não são petistas também no que respeita à solidariedade interna. Começou a disputa para arrancar a cabeça do mineiro. Obviamente, foi um erro.
O outro consistiu na pressão em favor do rompimento com o governo. Até aí, vá lá. Ocorre que parte da sigla tentou derrubar o presidente ao votar em favor do envio da denúncia para o Supremo. E se dois terços da Câmara tivessem feito como aquelas duas dezenas de tucanos? Isso inviabilizou, de pronto, não havendo mais ponte possível — e não parece que haja — o apoio do PMDB a Alckmin.
Nome certo à Presidência, Alckmin deixará o governo de São Paulo em abril. Desde já, o PMDB se movimenta para ter seu próprio candidato ou, quando menos, para que o legado do presidente Michel Temer tenha um contendor. Obviamente, pode ser o próprio Temer. Mas há quem ache possível um Henrique Meirelles a disputar pelo DEM. E por que não a dupla numa chapa só?
Notem que a segunda denúncia contra Temer foi votada e derrotada há praticamente um mês, e havia quem vendesse o apocalipse a preço baratinho. Trinta e três dias depois, já se dá como certo que o governo terá um candidato; que o Planalto mantém, sim, um polo de atração de partidos ao centro e que o pré-candidato mais prejudicado por essa movimentação pode ser justamente Alckmin.
E isso tudo se deve, obviamente, a uma escolha errada. E se insiste, de modo impressionante, no erro.