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Reinaldo Azevedo

É preciso considerar a capacidade que o erro tem de fazer história. Bicudos não se beijam 3

Reinaldo Azevedo

28/11/2017 04h47

O governador Geraldo Alckmin (SP) vai assumir a presidência do PSDB. Isso significa cuidar da estratégia do partido nas suas mais variadas frentes de disputa. Não é tarefa trivial. E terá os perrengues com a própria candidatura.

Por que pessoas sensatas tomam decisões estúpidas, erradas? Não sei. A atual crise no tucanato começou quando a holding "JJ&F" (Joesley, Janot e Fachin) atuou para fabricar um flagrante contra o senador Aécio Neves, presidente agora licenciado, que desceu, então, aos infernos. Tucanos não são petistas também no que respeita à solidariedade interna. Começou a disputa para arrancar a cabeça do mineiro. Obviamente, foi um erro.

O outro consistiu na pressão em favor do rompimento com o governo. Até aí, vá lá. Ocorre que parte da sigla tentou derrubar o presidente ao votar em favor do envio da denúncia para o Supremo. E se dois terços da Câmara tivessem feito como aquelas duas dezenas de tucanos? Isso inviabilizou, de pronto, não havendo mais ponte possível — e não parece que haja — o apoio do PMDB a Alckmin.

Nome certo à Presidência, Alckmin deixará o governo de São Paulo em abril. Desde já, o PMDB se movimenta para ter seu próprio candidato ou, quando menos, para que o legado do presidente Michel Temer tenha um contendor. Obviamente, pode ser o próprio Temer. Mas há quem ache possível um Henrique Meirelles a disputar pelo DEM. E por que não a dupla numa chapa só?

Notem que a segunda denúncia contra Temer foi votada e derrotada há praticamente um mês, e havia quem vendesse o apocalipse a preço baratinho. Trinta e três dias depois, já se dá como certo que o governo terá um candidato; que o Planalto mantém, sim, um polo de atração de partidos ao centro e que o pré-candidato mais prejudicado por essa movimentação pode ser justamente Alckmin.

E isso tudo se deve, obviamente, a uma escolha errada. E se insiste, de modo impressionante, no erro.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.