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Reinaldo Azevedo

A queda de Doria 1: Rejeição à gestão do prefeito de São Paulo dispara; aprovação despenca

Reinaldo Azevedo

05/12/2017 13h30

Parodio Gertrude Stein, que escreveu "Uma rosa é uma rosa é uma rosa".

Vamos lá: "Um erro é um erro é um erro".

Chegarei ao fim deste texto sugerindo ao prefeito de São Paulo, João Doria, que mude de rumo, de prosa e de turma. Nada que eu não tenha dito antes, nas minhas intervenções nos diversos veículos e também em conversas pessoais. Melhor substituir por "conversas presenciais"  —para evitar a ambiguidade.

Segundo pesquisa Datafolha, divulgada pela Folha nesta terça, apenas 29% consideram a gestão de Doria ótima ou boa. Em fevereiro, eram 44%, oscilando para 41% em junho (mas algo já não ia bem; voltarei ao ponto); outubro registrou uma despencada: 32%; desta feita, menos três pontos.

O mês de junho havia acendido o sinal vermelho para o prefeito, mas ele ignorou a advertência e enfiou o pé no acelerador do erro de percepção. Por que digo isso? Os que achavam a sua gestão "ruim/péssima" haviam saltado dos 13% em fevereiro para 22% então. E avançou para 26% em outubro, disparando 13 pontos em um mês: agora, são 39% os enfezados com a sua administração.

Entre junho e outubro, parcela considerável dos paulistanos resolveu colocar o prefeito no Purgatório para decidir mais tarde se o mandariam para o céu ou para o inferno: o regular saltou de 34% para 40%. Doria continuou acelerando nas escolhas que considero erradas. Dados os índices de agora, a maioria preferiu a condenação. A propósito: 31% acham sua gestão regular, praticamente o mesmo número da primeira pesquisa de sua gestão, quando marcou 33%. Ocorre que, em fevereiro, seu saldo positivo era de 31 pontos; agora, o negativo é de 10. O movimento foi de 41 pontos percentuais. É bestial!

O que explica isso? Já chego lá.

É a pior notícia óbvia que o prefeito poderia receber. Em nove meses, sofreu a mais vertiginosa queda de prestígio desde a volta das eleições diretas para prefeitos de capital, em 1985. Não ponho nessa conta os eventos não repetíveis de junho de 2013, que resultaram em movimentos de rua ainda mal estudados.

Naqueles dias, todos os políticos sofreram um formidável downgrade. Para se ter uma ideia, o então prefeito, Fernando Haddad, tinha 34% de "ótimo e bom" no começo do mês e apenas 17% no fim. A taxa de "ruim/péssimo" saltou de 21% para 40% e estava em 39% depois de um ano. Ocorre que, nas três fatídicas semanas daquele junho, os que diziam ser o governo Dilma "ótimo ou bom" despencaram de 57% para 30%, e a turma do "ruim/péssimo" pulou de apenas 9% para 25%. O tucano Geraldo Alckmin também caiu: a aprovação despencou de 52% para 38%, e a reprovação subiu de 15% para 20%. O fenômenos se espraiou.

Assim, aquele junho de 2013 tem de ser estudado, sim. Mas o que a todos colhe a ninguém distingue, certo?

O que se pergunta agora é o seguinte: qual é o erro de Dória?

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.