Fala de Alckmin sobre tiros segue ambígua e ruim; Doria, até agora, não alterou nem o tom infeliz de declaração: tiro não é ovo, e ovo não é argumento político
Amplamente insuficiente a mudança de tom do governador Geraldo Alckmin sobre os tiros de que foram alvos um dos ônibus da comitiva de Lula. Insuficiente e acaciano. Afirmar que que "é papel das autoridades investigar" é dessas coisas que pertencem à categoria de dois mais dois são quatro.
Nas redes sociais, o governador insistiu na tecla de que "é papel de homens públicos pregar a paz e a união entre os brasileiros" e de que "o país está cansado de divisão e da convocação ao conflito."
Perfeitamente!
Para que tal desiderato se cumpra, é preciso repudiar sem ambiguidade o que aconteceu.
Uma coisa é a exploração politiqueira e vigarista que um partido pode fazer de um determinado evento; outra, o evento em si.
Está aí a morte de Marielle Franco para prová-lo.
Uma coisa é dizer: "O PSOL tenta transformar o cadáver de Marielle numa bandeira política, que traz consigo uma agenda que nada tem a ver com a morte em si".
Outra seria afirmar: "Essa Merielle, também, convenham, né? Vivia dizendo coisas esquisitas, não é? É nisso que dá. Colheu o que plantou".
A primeira afirmação pertence ao terreno da análise política. Uma análise que critica a esquerda. Uma análise que não cai no truque do PSOL. Uma análise civilizada, que chama a atenção para o esforço de fazer um cadáver virar votos.
A segunda afirmação alimenta o ciclo da barbárie, é típica de um troglodita, dessas forças obscuras com financiadores idem — parece que Roberto Barroso não tem resposta para isso até agora —, que querem transformar a violência política num ativo.
Por enquanto, a fala do governador também divide.
Espera-se que ainda corrija o texto. Está ruim.
Quanto ao prefeito João Doria, que eu tenha visto, até agora, ainda não houve correção nenhuma.
Quando e se houver, registro aqui, é claro!