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Reinaldo Azevedo

Em 31 anos de jornalismo, não mudei quase nada: passei a gostar de coentro e ainda odeio o “Bolero” e o tesão de autoritários por fogueira

Reinaldo Azevedo

27/04/2018 16h08

Leiam trechos da minha coluna da Folha:

Lula, um corintiano, foi condenado sem provas na primeira instância, submetido a processo de exceção no TRF-4, e Cármen Lúcia manipula a pauta do STF com receio de que o cumprimento das regras, não a exceção, o beneficie.  A Segunda Turma do STF cumpre o princípio constitucional do juiz natural e os artigos 54 a 58 do Código de Processo Civil, de que o topete de Luiz Fux se orgulha, quando tira de Sergio Moro o que não diz respeito à Petrobras. É a síntese dos desmandos em curso contra os guelfos. Também os há contra gibelinos, palmeirenses, carnívoros, veganos… O salvacionismo fascistoide é onívoro.

Não resisti à teoria do demiurgo do macacão para me render à do demiurgo de toga. Meu papo é a democracia liberal. Constituição boa nasce morta e não é assaltada por justiceiros e heróis da própria covardia.
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Escrevi o primeiro texto neste espaço no dia 25 de outubro de 2013. Chamava-se "Os 178 beagles". Referia-me aos idiotas que invadiram um laboratório porque estavam com pena dos cachorrinhos.

Lá se lê: "A fúria justiceira dos bons pode ser tão desastrosa como a justiça seletiva dos maus". O tema eram os protestos de junho daquele ano, que instalaram um "malaise" na relação dos brasileiros com a vida pública que, antevi, seria de longa duração.
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Nestes cinco anos, assistimos à derrocada do PT, ao impeachment, que seguiu as regras do jogo, e à ascensão da Lava Jato.

Saudei em toda parte o combate à corrupção, mas chamei a atenção, desde o primeiro momento, para o espírito jacobinista dos procuradores e do juiz Sergio Moro, que se multiplicou em versões mais bregas e com ternos e concepções de direito ainda mais mal cortados.

Nos 12 anos de blog, nos cinco de coluna e nos 31 de jornalismo, meus valores seguem os mesmos, ainda que possa ter mudado aqui e ali. Votei no presidencialismo. Errei! Passei a gostar de coentro e a detestar o frio. Mas continuo a sentir ojeriza ao "Bolero", de Ravel, a ironias com nota de rodapé e a autoritários de qualquer matiz.
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Combater a patrulha petista foi mais difícil, mas também mais divertido. A esquerda, bem ou mal, tem referências teóricas. Esses Savonarolas de meia-tigela, com seus "elmos cheios de nada", sentem é tesão pela fogueira. Podem seduzir fascistoides dos mais variados matizes. Um liberal que se preza vai para a resistência. Eu fui.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.