Há extremistas no Irã que sonham varrer Israel do mapa, e os há em Israel que sonham com ataque dos EUA ao Irã: delírios que se somam

Ali Khamenei: ele está erguendo as mãos para o Céu: precisava da volta do Poderoso Satã
O governo israelense fez alarde sobre supostos documentos secretos que teriam chegado às suas mãos dando conta de que o Irã mantinha nas sombras parte do seu programa nuclear. Logo foram desmoralizados. Eles se referem a situações anteriores ao acordo. Donald Trump primeiro usou os ditos-cujos para justificar a saída dos EUA do acordo, mas logo arrumou outra explicação, com aquela rapidez de quem governa o país pelo Twitter. Limitou-se a dizer que punha fim ao que nunca deveria ter existido. E pronto!
Trata-se, no fim das contas, da vitória, ainda que temporária — mas vamos ver por quanto tempo e com quais consequências — de fanáticos dos dois lados. A ala dura do regime dos aiatolás continua a sonhar com uma fala tornada pública, certa feita, pelo então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad: "varrer Israel do mapa". Ali Khamenei, o líder religioso máximo do Irã, não tem do que reclamar. E há extremistas em Israel que consideram que o país nunca estará seguro se o Irã não for alvo de uma devastadora expedição punitiva dos EUA.
O pior é que esses dois extremos da peleja nem consideram o desastre monumental que acometeria seus respectivos territórios se uma coisa ou outra — ou ambas — acontecesse. Conhecemos a expressão segundo a qual a diplomacia é a guerra travada por outros meios. Há celerados que acreditam firmemente que a guerra é a forma de ser da verdadeira diplomacia.
Se isso consolasse, a gente poderia dizer: o Brasil não detém o monopólio da estupidez. Mas não consola!.