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Reinaldo Azevedo

Itália segue sem governo depois do escolhido para ser premiê desistir

Reinaldo Azevedo

28/05/2018 06h57

O acadêmico Giuseppe Conte, que havia sido designado para ser primeiro-ministro da Itália, desistiu neste domingo (27) de tentar formar um governo, depois que o presidente do país rejeitou o nome escolhido por ele para o ministério da Economia. Com isso, o país pode ter que realizar novas eleições este ano. As negociações para a formação do governo italiano já se arrastam há quase três meses. Conte, um jurista acadêmico desconhecido do grande público, apresentou sua lista de ministros ao presidente Sergio Matarella, mas este rejeitou o nome do eurocético Paolo Savona para a pasta da Economia.

Matarella, por sua vez é um defensor da União Europeia e da moeda única. A aliança entre a Liga, de extrema direita, e o Movimento 5 Estrelas (crítico ao sistema político) colocaria no comando da quarta maior economia do bloco um governo populista e contrário ao euro. O acordo entre as duas siglas dois prevê, entre outros pontos, um corte de bilhões de euros em impostos, maiores gastos em ajuda para os pobres e o adiamento de reformas da Previdência e não foi bem recebido por Bruxelas e pelo mercado. 

A escolha de Savona, crítico do euro e da política econômica da Alemanha, como ministro já havia causado preocupação nos mercados europeus na semana passada. Neste domingo, ele tentou se mostrar mais ponderado: "Quero uma Europa diferente, mais forte, mas mais igual", disse ele em comunicado.  Matarella, porém, disse que não aprovaria o nome dele porque isso "causaria alarme nos mercados e investidores, italianos e estrangeiros". O presidente italiano não disse quais seriam seus próximos passos para resolver a crise política.

Segundo a agência de notícias Reuters, ele convocou para uma reunião na segunda-feira (27) o economista Carlo Cottarelli, que tem no currículo passagens pelo FMI e por governos italianos. Assim, poderia ser indicado como premiê em um governo tecnocrata, que teria como função aprovar um novo orçamento e conduzir o país até uma eleição antecipada. Enquanto não há uma resolução, Paolo Gentiloni, do Partido Democrático (de centro-esquerda), segue no cargo.

O próprio Matarella tinha sugerido a opção de um governo técnico há algumas semanas, antes do acordo entre Liga e M5S, mas os principais partidos tinham criticado a opção. Antes mesmo do fim da reunião entre Matarella e Conte neste domingo, o líder da Liga, Matteo Salvini, disse que a única alternativa era realizar novas eleições. "Em uma democracia, se é que ainda estamos em uma democracia, só há uma coisa a fazer, deixar os italianos escolherem", disse ele.
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Na Folha

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.