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Reinaldo Azevedo

Temer chega a fazer ironia com o fato de que a PF vai mudando o objeto da investigação à medida que suas hipóteses não se cumprem

Reinaldo Azevedo

07/06/2018 08h01

O presidente Michel Temer chegou a fazer ironia, nesta quarta, com o inquérito que apura se o tal decreto dos portos beneficiou a empresa Rodrimar. Bem, essa era a acusação. Essa era a investigação. Mas já foi o tempo em que uma investigação tinha de se ater, afinal de contas, a um objeto determinado. Agora não! Como a Polícia Federal não encontrou nenhuma evidência de que a coisa aconteceu, então começou a investigar o patrimônio de Temer e de seus familiares a partir de acusação nenhuma. Em nota oficial, o presidente afirmou que a investigação "entrou no terreno da ficção policial" e que se trata de "um escândalo digno do Projac", referindo-se aos estúdios da Globo em que se gravam as novelas.

É evidente que o presidente tem razão. Se o procedimento posto em prática com ele se generalizar, nunca mais um sujeito deixa de ser investigado. Mais: a acusação torna-se desnecessária. Não se vai mais investigar um fato. O que teremos serão pessoas permanentemente investigadas.

Ainda que houvesse motivos para manter o caso aberto — e não há —, faria tanta diferença esperar que passem os menos de seus meses de mandato? No caso dos atos anteriores ao exercício do cargo, não há que se cumprir o que diz a Constituição.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.