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Reinaldo Azevedo

O GOLPE DE MORO 6: Jornalistas deveriam investigar os multimilionários da indústria das delações, a única área que prospera no país

Reinaldo Azevedo

18/06/2018 07h30

Ao proibir o compartilhamento de provas da Lava Jato com entes do Estado brasileiro, é claro que Moro toca num problema que não está resolvido por duas leis malfeitas, saídas da lavra do Dilma Rousseff, em 2013, quando acuada pelas ruas: um mesmo colaborador não pode, com efeito, ser vítima de ações administrativas de vários entes do Estado depois de ter fechado um determinado acordo de delação. Mas vamos com calma. Quem decide a questão não é Sérgio Moro. Ele não tem competência para isso. No limite, esse é o papel do STJ e, a depender do caso, do STF, não do César da 13ª Vara Federal de Curitiba.

De resto, que fique claro!, o Congresso que vem aí tem de pôr ordem na bagunça. A delação premiada, os acordos de leniência e as demais ações de reparação movidas pelo Estado brasileiro não podem ficar enredados na atual barafunda jurídica, que só tem servido para alimentar a indústria das delações. Um bom repórter investigativo, não é o meu caso, estaria, a esta altura, investigando os "milionários", quiçá bilionários, do sistema de delações. Só para que saibam: as ações movidas por entes do Estado poderiam ser da ordem de R$ 40 bilhões. Não! Eu não quero quebrar as empresas. Mas é preciso que a gente saiba quanto elas estão pagando — e a quem — para não quebrar.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.