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Reinaldo Azevedo

A negativa do PRP em compor com Bolsonaro nos remete a FHC e Lula. Por que esses dois buscaram aliados no campo ideológico oposto?

Reinaldo Azevedo

18/07/2018 13h51

A negativa do minúsculo PRP em compor com a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) deve introduzir um marco na análise dos que se ocupam de entender e esmiuçar essa seara muito particular da experiência humana chamada "política". Um candidato à Presidência tem de ter um conjunto de propósitos, e estes vão ou não se realizar na exata medida em que o chefe do Executivo contar ou não com o apoio do Congresso. Não é uma tarefa fácil. Não é uma tarefa corriqueira.

FHC estabeleceu a modernização do Estado — que passava pelas reformas e pelas privatizações — como um alvo. Vinha de uma tradição de esquerda e se voltou para a direita de viés patrimonialista, o PFL, para realizar seu intento. E realizou. Lula, vamos ser claros, radicalizou, do ponto de vista ideológico, essa composição de contrários: membro de um partido inequivocamente de esquerda, compôs com a direita dita fisiológica e, goste-se ou não das escolhas, deu escala nova aos programas sociais e à distribuição de renda.

Cumpre, assim, indagar aos postulantes à Presidência da República quais são os marcos, então, dessa postulação e com quem pretendem empreender a trajetória, sempre tendo claro que as parcerias também contemplam concessões. Porque essa é a natureza do jogo político. No Brasil ou em qualquer lugar em que se pratique a democracia.

Candidatos de si mesmos ou que atendem apenas aos amores e fúrias de bolsões radicais, ainda que venham contar com razoável apoio da sociedade, marcam necessariamente um encontro com o desastre. Aconteceu com Fernando Collor e aconteceu com Dilma Rousseff, aquela que iniciou sua experiência de poder com a maior base de apoio no Congresso na história do Ocidente e terminou sem contar nem um miserável terço na Câmara ou no Senado que lhe pudesse garantir a permanência no poder.

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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.