Para cientista político, os partidos são fracos no Brasil, e o desejável, para o bem do regime democrático, é que fossem, sim, mais fortes
Na entrevista concedida à Folha, o cientista político Bruno Pinheiro Wandeley Reis, da UFMG, não tem receio de ir contra as vagas influente de opinião e diz que, ao contrário do que se propaga nas redes sociais, os partidos brasileiros são fracos. E o desejável é que fossem mais fortes. Afirma ele:
"Tudo bem que PT e PSDB são mais fortes do que parecem. Não é trivial essa sequência de seis eleições seguidas para a Presidência polarizadas por eles. Mas, nas eleições de 2014, 28 partidos elegeram representantes para a Câmara. Precisamos de tudo isso?
Por que PT e PSDB não têm perto de 50% da Câmara cada um deles, restando espaço para mais outros cinco ou seis partidos?
Houve relativa decantação nas identidades em torno de PT e PSDB, e o sintoma é a eleição presidencial, mas o sistema eleitoral joga contra a produção de bancadas grandes no Congresso. Precisamos fortalecer nossos partidos. Hoje os maiores têm menos de 15% no plenário [PT tem cerca de 12% da Câmara; PSDB e PMDB, quase 10% cada um].
Bem, se alguém tende a discordar de Reis, que veja o que se passa nas grandes democracias do mundo. A rigor, e isto acrescento eu, esses países tendem ao bipartidarismo. Vejam o caso de Donald Trump: há o risco de que perca, em novembro, a maioria na Câmara e no Senado — nesse caso, com 51 de 100 cadeiras. E se antevê um período difícil para ele porque os dois partidos não constituem um mercadão de adesões.
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