De Somozas a Ortegas, a Nicarágua é marcada por ditaduras familiares violentas. Será que o PT quer copiar aquele modelo de comunicação?

Os Ortegas são os Somozas da hora: notavelmente violentos, notavelmente corruptos. Foto: Jorge Cabrera/Reuters
A Nicarágua foi uma ditadura sanguinolenta, comandada pela família Somoza entre 1936 e 1979, quando o regime foi derrubado pela revolução sandinista. O nome fazia referência ao general Augusto César Sandino, que liderou uma guerrilha nacionalista contra a presença de forças militares americanas no país. Acabou assassinado em 1934 pelo general Anastasio Somoza García, que deu um golpe de Estado em 1936, com apoio dos EUA, instaurando uma ditadura que durou até 1956, quando ele próprio foi assassinado.
Assumiu o poder um dos seus filhos, Luís Somosa Debayle, que permaneceu no poder até 1963. Nomeou o irmão, Anastasio Somoza Debayle chefe da Guarda Nacional. A família mandava no país, mesmo durante os governos títeres de René Schick Gutiérrez (1963–1966), Orlando Montenegro Medrano (1966) e Lorenzo Guerrero Gutiérrez (1966-1967).
A família Somoza, notavelmente violenta e corrupta, governou o país, pois, por 43 anos. Os Somozas sempre estavam entre os primeiros na lista dos tiranos multimilionários, com contas espalhadas em paraísos fiscais. Em 1967, ano do assassinato de Luís, Anastasio cansou-se de intermediários e assumiu o poder, nele permanecendo até 1979, quando foi derrubado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional. O ditador refugiou-se no Paraguai. Em 1980, morreu com um tiro de… bazuca, disparado contra o carro em que viajava. O atentado foi atribuído à KGB.
O primeiro presidente da revolução foi justamente Daniel Ortega (1979-1985). Voltou eleito sob em 2007 está, portanto, no 11º ano de seu retorno ao poder; depois de ter golpeado a Constituição, quer atualizar a escrita. Sua mulher, Rosario Murillo, é vice-presidente, e sua truculência em nada fica a dever à do marido. O casal divide o poder absoluto com os filhos.
Rafael Ortega, o primogênito, é o manda-chuva da Distribuidora Nicaraguense de Petróleo, com o produto importando diretamente de seus amigos venezuelanos. Laureano, outro rebento do casal, controla a estatal ProNicaragua, encarregada de buscar investimentos estrangeiros no país. A família ainda tem mais quatro gênios dos negócios: Carlos Enrique, Daniel, Manuel e Edmundo. Bem, estes mandam em três canais de televisão e várias rádios, que pertencem à família, e dão as cartas no Canal 6, estatal.
Eis o regime defendido pelo PT,
Eis o regime do partido que diz querer democratizar a mídia no Brasil.
Os Ortegas são os Somozas da hora. Que fiquem atentos. O destino dos membros daquela outra família sanguinária não foi exatamente feliz.
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