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Reinaldo Azevedo

Marina foge de uma resposta clara até quando se trata de matéria de convicção: foi indagada sobre a descriminação do aborto, mas escapou

Reinaldo Azevedo

06/08/2018 16h03

Nem mesmo numa questão que lhe é cara, que é matéria de convicção, Marina Silva (Rede) consegue ser clara, objetiva. Indagada sobre a descriminação do aborto, que está em debate no Supremo, por meio de audiências públicas, ela se disse favorável à atual legislação, que exclui a prática de crime em caso de risco de morte da mãe, estupro (é o que está no Código Penal) e anencefalia do feto (decisão do Supremo). Mas, então, como ficamos? Ela responde:
"A ampliação deve ser mediante plebiscito. O Congresso, mesmo tendo representatividade, não deve fazê-lo [ampliar permissões para aborto], muito menos a Justiça. A Justiça não pode substituir o Legislativo".

O plebiscito também requer a autorização do Legislativo. E concordo que isso não é matéria que a Justiça possa decidir ao arrepio do Congresso. Mas eis aí: o que custa a Marina dizer algo como: "Quem decide é o Congresso. Se depender de mim, essa agenda não avança."

Eu digo o que custa: isso obriga Marina a ter uma posição clara. E ela foge da clareza como o diabo foge da cruz.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.