Marina foge de uma resposta clara até quando se trata de matéria de convicção: foi indagada sobre a descriminação do aborto, mas escapou
Nem mesmo numa questão que lhe é cara, que é matéria de convicção, Marina Silva (Rede) consegue ser clara, objetiva. Indagada sobre a descriminação do aborto, que está em debate no Supremo, por meio de audiências públicas, ela se disse favorável à atual legislação, que exclui a prática de crime em caso de risco de morte da mãe, estupro (é o que está no Código Penal) e anencefalia do feto (decisão do Supremo). Mas, então, como ficamos? Ela responde:
"A ampliação deve ser mediante plebiscito. O Congresso, mesmo tendo representatividade, não deve fazê-lo [ampliar permissões para aborto], muito menos a Justiça. A Justiça não pode substituir o Legislativo".
O plebiscito também requer a autorização do Legislativo. E concordo que isso não é matéria que a Justiça possa decidir ao arrepio do Congresso. Mas eis aí: o que custa a Marina dizer algo como: "Quem decide é o Congresso. Se depender de mim, essa agenda não avança."
Eu digo o que custa: isso obriga Marina a ter uma posição clara. E ela foge da clareza como o diabo foge da cruz.