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Reinaldo Azevedo

Crise envolvendo refugiados venezuelanos em Roraima se agrava. À diferença do que parece, fechar a fronteira está longe de ser uma opção

Reinaldo Azevedo

07/08/2018 16h42

Imigrantes venezuelanos aguardam em Pacaraima autorização para entrada no Brasil – Jorge William / Foto: Agência O Globo

Segundo a ONU, 200 venezuelanos entram a cada dia no Brasil. Em quatro meses, já são 32 mil. Apenas o Estado de Roraima abriga estimados 50 mil dessa nova leva que busca fugir do inferno em que Nicolás Maduro transformou seu país. É compreensível a revolta da população no Estado, em especial de Boa Vista. Os serviços públicos entraram em colapso. O governo federal e a própria ONU tentam ajudar, mas o auxílio é sempre insatisfatório.

Junto com os problemas humanitários, vêm os de segurança pública. A criminalidade assume proporções alarmantes. Não se trata de confundir refugiados com bandidos, mas os bandidos também chegam. É impossível evitar já que não há como fazer uma triagem sobre a vida pregressa de quem entra no país. Mais: onde se aglomeram pessoas e faltam recursos, a chance de a situação gerar atos de violência é enorme. Segundo ainda as Nações Unidas, só neste ano, 117 mil venezuelanos deixaram seu país.

O Brasil tem 207 milhões de habitantes; a Venezuela, 31,5 milhões. Para ter uma noção do desastre do governo de Nicolás Maduro: se um número proporcional de brasileiros tivesse deixado o nosso país neste ano, estaríamos falando de mais de 768 mil pessoas. E a situação só tende a piorar.

Assim, é compreensível a revolta da população do Estado, em especial da capital, Boa Vista. Isso não quer dizer que se deva flertar com a clara agressão à Constituição e a tratados internacionais de que o país e signatário. A decisão tomada pelo juiz federal Helder Girão Barreto, da 1ª Vara Federal de Roraima, que mandou fechar a fronteira, e um despropósito — apesar de todas as dificuldades que se vivem por lá. Essa é uma decisão que só poderia ser tomada pelo presidente da República. Que não irá fazê-lo.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.