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Reinaldo Azevedo

No Datafolha, Lula chega a 39% no 1º turno e amplia a vantagem sobre os adversários no 2º. Bolsonaro, em segundo lugar, é o mais rejeitado

Reinaldo Azevedo

22/08/2018 05h49

Pesquisa Datafolha publicada pela Folha nesta quarta confirma dois outros levantamentos que vieram a público nesta semana (MDA e Ibope) e aponta a liderança disparada do petista Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela Presidência da República. Se a eleição fosse hoje e se o ex-presidente pudesse concorrer, ele teria 39% dos votos. O que vem em segundo lugar, Jair Bolsonaro (PSL) , tem menos da metade: 19%. Empatados tecnicamente em terceiro estão Marina Silva (Rede), com 8%; Geraldo Alckmin (PSDB), com 6%, e Ciro Gomes (PDT), com 5%. Isso evidencia que a estratégia do PT tem sido bem-sucedida: Lula passou do patamar de 30% das preferências para o de 40%. A questão, depois, será como operar a transferência para Fernando Haddad, já que o chefão petista não será candidato porque condenado pela Lei da Ficha Limpa. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. O Datafolha ouviu 8.433 eleitores, em 313 municípios, nos dias 20 e 21.

Quando Lula não está na lista, Bolsonaro salta para a primeira colocação, mas com uma variação relativamente pequena de votos: passa de 19% para 22% — oscila, na verdade, na margem de erro. Marina, em compensação, dobra seus votos: pula de 8% para 16%. O mesmo acontece com Ciro, que chega a 10%. Alckmin passa a 9%. O petista Fernando Haddad marca modestos 4%.

Nos votos espontâneos, Bolsonaro segue com marca considerável: 15% — muito perto, no entanto, dos 19% dos votos estimulados. Isso aponta para um eleitorado convicto, mas com dificuldade para crescer. As citações espontâneas do nome de Lula dobraram: de 10% para 20%.

O ex-presidente continuaria a bater com folga todos os seus adversários. A diferença em relação a seus oponentes aumentou em relação a abril. Agora, ele bateria Alckmin por 53% a 29%; Marina, por 51% a 29%, e Bolsonaro, por 52% a 32%. O tucano venceria Ciro por 37% a 31%; Bolsonaro, por 38% a 31%, e Haddad, por 43% a 20%, mas perderia para Marina por 41% a 33%. Embora em empate técnico, Bolsonaro, muito provavelmente, perderia também para Ciro por 38% a 35%. A vitória do capitão reformado só se daria hoje contra o ainda desconhecido Haddad: 38% a 29%.

O candidato do PSL enfrenta ainda outra dificuldade: é o nome mais rejeitado pelos eleitores: dizem que não votariam nele de jeito nenhum 39% dos ouvidos pelo Datafolha. Lula vem em segundo, com 34%, seguido por Alckmin (26%), Marina (25%) e Ciro (23%).

Quando o ex-presidente está na disputa, os números de votos brancos/nulos (11%) e não sabe (3%) somam 14%. Mas chegam a 28% se ele não aparece na simulação; nesse caso, não optariam por nenhum dos candidatos 22%, e 6% afirmam não saber.

Muitos antipetistas se animam com o fato, mais uma vez evidenciando pelo Datafolha, segundo o qual 48% dizem que não votariam num candidato apoiado por Lula. Ocorre que 31% dizem que o fariam com certeza, e 18%, que poderiam fazê-lo, o que resulta em 49%. Nenhuma outra personalidade exerce tamanha influência no eleitorado. Ademais, os 48% que dizem rejeitar a sua indicação são suplantados pelos mais de 50% que votariam no petista no segundo turno no confronto com Alckmin, Marina e Bolsonaro.

O horário eleitoral no rádio e na TV começa daqui a nove dias. Terá pouca ou nenhuma influência nos votos dos sem-tempo: Bolsonaro, Marina e Ciro. Terão de recorrer a outros instrumentos de campanha se quiserem se manter ou crescer. Se a Justiça não atender a pleito do MDB, Alckmin terá um latifúndio: 48% do tempo destinado à propaganda. Em outras jornadas, o horário eleitoral fez diferença. Vamos ver desta feita.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.