Alckmin na TV 1: Jingle tucano prega mudança, alerta contra volta ao passado, busca polarizar com o PT e ignora opositor à direita: Bolsonaro
Abaixo, vocês podem ouvir o jingle da campanha do tucano Geraldo Alckmin. Transcrevo, na sequência, a letra e comento.
Eu sei, está difícil acreditar,/
mas não podemos parar de sonhar/
em reconstruir este país/
Vem, minha gente,/
a esperança não foi embora,/
ela só está esperando a hora,/
o Brasil tem pressa de mudar./
Não dá para olhar para trás, /
não dá para errar de novo,/
só Geraldo vai devolver/
o Brasil pro nosso povo./
O Brasil é Geraldo,
para uma nova nação./
O Brasil é Geraldo,/
é cabeça e coração.
Na madrugada, analisei o provável primeiro programa do PT no horário eleitoral. De saída, note-se algo de comum entre as duas mensagens: o Brasil precisa mudar, é preciso ter esperança. De modo não necessariamente intencional, ambas fazem menção a esses tempos de Lava Jato, em que a religião dos prudentes é a descrença, e a dos atirados, a boçalidade.
A mensagem petista, como ficou evidente, tem um alvo mais específico, ainda que não nominado: o governo Temer. Ignora, como destaquei, os desastres provocados pelo governo de Dilma Rousseff. O jingle de Geraldo Alckmin prega a mudança, mas sem hostilizar o passado recente. E duas razões o explicam: 1) o PSDB participou do governo; 2) medidas adotadas pela gestão Temer tiveram o condão de corrigir os descalabros herdados. Mais do que isso: não fosse a política, e só ela, o país estaria crescendo entre 3% e 3,5% — crescerá pouco mais de 1%.
Mas, eis um dado objetivo, o governo é impopular. Ainda que avaliação seja injusta, a campanha eleitoral acena para o futuro, em vez de fazer um ajuste de contas com o passado — o que, se vocês notarem, até a propaganda do PT evita.
O jingle da campanha de Alckmin faz uma aposta. Observem que Jair Bolsonaro (PSL) — que, por enquanto, lidera as pesquisas quando Luiz Inácio Lula da Silva não está entre as alternativas — não aparece nem como referência velada. O confronto que se vislumbra, parece-me, é mesmo com o PT de Lula, ainda que este vá participar na pele de Haddad. É assim que devem ser entendidos os versos:
"Não dá para olhar para trás,
não dá para errar de novo,".
O passado, nessa perspectiva, por óbvio, é o PT. E errar de novo seria votar no partido.
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