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Reinaldo Azevedo

Ibope 1: Bolsonaro fica estacionado e cai no 2º turno no confronto com todos os adversários; seria derrotado por Ciro, Haddad e Alckmin

Reinaldo Azevedo

25/09/2018 09h03

Lembrei ontem aqui que a reta final da campanha eleitoral de 2014 foi cheia de solavancos e surpresas. O tucano Aécio Neves, que chegou em segundo lugar, teve a quantidade de votos válidos que os institutos atribuíam a Marina Silva, então no PSB. E vice-versa. Não! Eles não erraram. Ate porque só pode dizer que acertou quem chutou. É que as eleições marcadas por excesso de crispação ideológica podem mesmo trazer movimentos de última hora. Isso já estava em curso em 2014 e se acentuou de forma exponencial agora. Quem disser que sabe o que vai acontecer é porque está mal informado ou está apenas fazendo campanha eleitoral. E, claro!, é natural que militantes digam que seus respectivos candidatos vão ganhar. Uma das torcidas acabará acertando o resultado, não os números. E vai reivindicar a condição de profeta. É do jogo. Vou dar uma atualizada no velho clichê: as pesquisas sérias são uma fotografia em movimento do momento. Por mais que os satisfeitos as aplaudam, e os insatisfeitos as vaiem, a verdade é que uns e outros balizam suas campanhas levando os números em conta.

Os do Ibope que vieram a público na noite desta segunda não são bons para Jair Bolsonaro, o presidenciável do PSL. Ele se manteve com 28%, mesmo índice de há 6 dias. Já o petista Fernando Haddad cresceu 3 pontos percentuais, indo de 19% para 22%. Cresceu num ritmo menor do que a velocidade atingida na semana anterior, quando saltou de 8% no dia 8 de setembro, antes ainda de ser oficialmente ungido por Lula, para 19% no dia 18. Ciro Gomes (PDT) segue estável, com 11%, desde 11 de setembro. Geraldo Alckmin (PSDB) oscilou um ponto para cima, com 8%, e Marina Silva (Rede), um ponto para baixo, agora com 5%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. O Ibope ouviu 2.506 pessoas, em 178 municípios, entre 22 a 23 de setembro.

Pesquisas outras feitas por telefone já haviam antecipado uma tendência de estagnação do candidato do PSL e de possível piora num eventual segundo turno. Nesta rodada do Ibope, ele perderia a disputa para todos os seus adversários, exceção feita a Marina, com quem ficaria em empate rigoroso: 39%. Ocorre que, há uma semana, ele a venceria por 41% a 36%. É contra Ciro Gomes que Bolsonaro obtém o pior resultado: o candidato do PDT o bateria com uma diferença de 13 pontos percentuais: 48% a 35%. Os dois empatavam há uma semana: 40% a 39%. Coincidência ou não, Ciro foi o candidato que desferiu os ataques mais duros contra Bolsonaro, associando-o até ao nazismo.

Se a derrota do candidato do PSL para o do PDT é a mais larga, a mais incômoda, nesse levantamento, é mesmo para o petista Fernando Haddad. Os dois estavam em empate técnico desde o dia 5 de setembro. Na semana passada, ambos marcavam 40% no instituto. Desta feita, o petista venceria por 43% a 37%. O capitão reformado perderia também para Alckmin por 41% a 36%. Vinham empatados tecnicamente desde o dia 5.

Outro sinal de que os bolsonaristas precisam voltar à prancheta para repensar o discurso é a taxa de rejeição. Ela é hoje superior à existente antes da agressão e está em 46%. Havia caído de 44% para 41% depois da agressão. Em segundo lugar, está o petista Fernando Haddad, com 30%, seguido por Marina (Rede), com 25%; Alckmin, com 20%, e Ciro, com18%.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.