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Reinaldo Azevedo

GENERAL DE BOLSONARO 1: Fala de Mourão também sugere o que mercados bolsonaristas costumam chamar de “calote na dívida interna”

Reinaldo Azevedo

27/09/2018 22h43

Se Jair Bolsonaro (PSL) vai ser eleito ou não, bem, isso é com o eleitorado brasileiro, não é? Não consigo adivinhar o futuro com essa precisão. O cenário, convenham, antevi com razoável antecedência. Começo com uma questão: o que aconteceria se Fernando Haddad (PT) estivesse à frente nas pesquisas de opinião e dissesse — ou sua vice, mas teria de ser tão presente na campanha como Hamílton Mourão é na do candidato do PSL — que é preciso renegociar os juros da dívida interna? Notem que nem vou entrar no mérito da questão. Constate-se apenas que, de fato, o Brasil não paga juro nenhum. O que se tem é capitalização do valor e rolagem. Não estou entrando no mérito técnico. O fato é que, se o petista liderasse e falasse algo assim, o dólar iria pra mais de R$ 5 em alguns dias.

Na mesma palestra em que o general Mourão afirmou ser o 13º salário uma jabuticaba — que só existiria no Brasil — e também o adicional de férias, ele falou sobre a necessidade de renegociar os juros. É muito provável que não tenha combinado tal assunto com Paulo Guedes, e é muito provável que Paulo Guedes também não tenha feito combinação nenhuma com o próprio Bolsonaro, que, por sua vez, não tem ideia do que isso quer dizer, como evidenciou no debate de que participou na RedeTV! Eu lhe fiz uma indagação a respeito. Ele ficou entre a afasia e o tartamudeio.

Todos têm o direito de escolher seus candidatos — e isso inclui os especuladores. A questão é quando a especulação resolve ser um fator de instabilidade política. Tudo faz crer que esses assuntos não foram tratados pela equipe do presidenciável, que tem agora dois de seus destacados membros reduzidos ao silêncio. Guedes não dá mais palestras. Nem o general. E aí se poderia indagar, com resposta óbvia: "Mas essa não é justamente a hora de falar, para convencer mais gente?" Ocorre que as falas, nesse caso, acabam entrando como massa negativa: é a soma que diminui.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.