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Reinaldo Azevedo

Ciro segue preferido do eleitor no confronto com os outros candidatos; bateria Bolsonaro; mas pesquisas dizem que não vai ao 2º turno

Reinaldo Azevedo

07/10/2018 05h55

A história que não aconteceu pode ser, no máximo, presumida. Mas, a se confirmar neste domingo a tendência detectada por Ibope e Detafolha, o candidato que bateria Jair Bolsonaro (PSL) com mais facilidade não estará no segundo turno: Ciro Gomes (PDT). Ele continua o preferido do eleitorado para derrotar aquele a quem seguidores chamam "mito.

No levantamento divulgado neste sábado pelo Datafolha, o candidato do PSL fica tecnicamente empatado com Fernando Haddad, do PT: 45% a 43% no segundo turno, nos votos totais. No embate com Ciro, é Bolsonaro quem fica numericamente atrás: 47% a 43% para o pedetista  — empate técnico, sim, mas no limite da margem de erro. Vale dizer: tudo indica que Ciro levaria a eleição — ao menos nas condições de sábado e domingo.

No Ibope, Bolsonaro jamais passou numericamente o ex-governador do Ceará. No dia 28 de setembro, a diferença chegou a ser de 12 pontos a favor do candidato do PDT: 56% a 44% nos votos totais. No levantamento divulgado ontem, considerando-se, no caso, os votos válidos, o pedetista teria 52%, e o militar reformado, 48%.

Parte do comando do PT queria aquele que já foi ministro de Lula como cabeça de uma chapa de uma coligação de esquerda. Não só a ideia não prosperou como o próprio ex-presidente se encarregou pessoalmente de impedir o PSB de fazer uma aliança com o pedetista.

Há muita coisa surpreendente nessa eleição — e a resiliência de Ciro está entre elas. Sim, é verdade, ele não é um novato. Mas ficou claro que h um eleitorado com viés de esquerda que não se sente representando pelo PT. Todas as apostas, à esquerda e à direita, eram na desidratação de sua candidatura. Ele chega à reta final do primeiro turno em ascensão.

O candidato diz ser esta a sua última campanha. Vamos ver. Praticamente banido do horário eleitoral, Ciro saiu-se muito bem nas entrevistas e debates com outros candidatos. Também estruturou uma boa campanha digital. Não entro no mérito das propostas: refiro-me à sua desenvoltura. Exibiu, nesta disputa, um veio de bom humor que não havia em jornadas anteriores. Caiu nas graças do eleitorado, mas não, segundo os Institutos e até ontem ao menos, para ir ao segundo turno. Se passasse, teria o melhor desempenho contra todos os adversários.

Ciro estaria na reta para pôr a faixa no peito se liderasse uma chapa de que o PT fosse vice, com apoio de Lula? Não dá para saber. Certamente herdaria parte da rejeição, e o antipetismo hoje liderado por Bolsonaro faria dele um alvo. Mas convenham: o passivo pelo qual teria de responder seria muito menor.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.