É bom não esquecer que Bolsonaro obteve apenas 33,4% dos votos do eleitorado; Haddad, 21,27%. Inexiste carta branca para fazer qualquer coisa
Jair Bolsonaro obteve 46,03% dos votos válidos — ou 49.275.358 votos, o que é, sem dúvida, uma avalanche. Sabem, no entanto, quantos são os brasileiros aptos a votar? 147,3 milhões. Ocorre que quase 30 milhões não deram as caras, com uma abstenção de 20,32%. Brancos e nulos somaram 8,79%. Entendam: aquele que quase vence no primeiro turno, num verdadeiro aluvião de votos conservadores, obteve, no entanto, 33,4% do eleitorado. Sim, senhores: o grande vitorioso do primeiro turno não teve mais do que um terço dos votos das pessoas aptas a escolher o presidente. Quase outro terço (29,11%) não quis escolher ninguém, e os demais ficaram com opositores do deputado. Fiz essa mesma lembrança quando Dilma venceu, em 2014. Os petistas ficaram bravos, como se eu estivesse deslegitimando o desempenho de Dilma. Não! Até porque os números de Fernando Haddad (PT), por óbvio, são ainda piores: 21,27% (31.341.839). Se não entenderam o ponto, explico: quem vence não ganha carta branca para fazer o que lhe dá na telha. Vence para governar de acordo com as regras do jogo, já que governa também quem não compareceu para votar, quem compareceu e não escolheu ninguém e aqueles que escolheram outras candidaturas.