Se Moro aceitar cargo de ministro, isso vai garantir verossimilhança ao discurso do PT: ele tirou Lula do jogo e foi servir Bolsonaro
Um dos males da política e dos políticos — e considero que Sérgio Moro já é um político — é imaginar que os poderes transitórios numa democracia são eternos, não é mesmo? Vamos pensar: faz sentido o homem que condenou Lula, tirando-lhe a elegibilidade, e que mandou prendê-lo, limitando severamente sua ação política, ser um braço-direito daquele que era o principal adversário do petista e que acabou eleito? Notem que não estou dando de barato que o ex-presidente venceria um eventual confronto final com Bolsonaro. Era o que apontavam as pesquisas naquele momento. Mas, como sabem, não sou do tipo que fica contando a história que não houve. Ocorre que há, sim, milhões de brasileiros que acreditam — e não se sabe por quanto tempo ainda — que Lula foi retirado da disputa numa ação orquestrada por Justiça e Ministério Público, e Moro teria sido justamente o protagonista da manobra. Ora, aceitar um cargo no governo que poderia não estar aí não fosse justamente a ação do juiz confere verossimilhança inquestionável à suspeita, ainda que verdadeira não seja.
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