Guedes deixa claro que não aceita ingerência da ala política do futuro governo. Certo! Mas quem terá de conseguir os votos no Congresso?
Paulo Guedes, note-se, acertou, sim, quando fez a defesa enfática, também na terça, da reforma da Previdência enviada ao Congresso pelo governo Michel Temer, bombardeada pelo então apenas deputado Jair Bolsonaro e seus aliados — e um dos mais estridentes foi Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro chefe da Casa Civil, que detonava a sugestão de votar o texto ainda neste ano. Mas o chefão do GOPAPAGUE a defendia nestes termos ao falar com jornalistas: "Vocês estão assustados porque é político falando de economia; é o mesmo que eu sair falando de política. Não vai dar certo". Ou por outra: Guedes está dizendo que não aceita ingerência da "ala política" do futuro governo na gestão econômica. Mas esperem: votar um texto no Congresso é coisa da economia ou da política? Dita a coisa desse modo, parece bacana a incautos. Acontece que, justamente por não ser político, não será Guedes a ter de buscar 308 votos na Câmara e 49 no Senado para aprovar emendas constitucionais. O economista está certo no mérito: é preciso fazer a reforma da Previdência. Está errado na forma: é visível que o emprego que ele faz da palavra "político", mesmo se referindo a um futuro companheiro de ministério, não é nada lisonjeiro.
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