BOLSONARO E EU 7: Modelo para a questão indígena não foi criado pela esquerda, mas pelos militares. Eles também resistem à tese do eleito

Para encerrar, é bom notar que o macromodelo existente para a questão indígena não é uma invenção das esquerdas, mas dos militares, que hoje compõem o cerne do governo Bolsonaro. Se o que diz o presidente eleito deve ser levado a sério, ele está esboçando uma tese: os índios deixariam de ser tutelados; passariam a ser proprietários de suas terras — afinal, não existe autonomia pela metade — e passariam a negociar livremente seus interesses. Não é segredo para ninguém que há comunidades que estão sobre riquezas no subsolo ainda não estimadas. Mais: há a questão da biodiversidade. Se é liberdade o que quer Bolsonaro, livres serão as empresas, inclusive as estrangeiras, para negociar com os "donos", não? Há um braço-de-ferro nos bastidores dessa questão. Quem resiste a esse modelo esboçado pelo presidente eleito é a cúpula militar brasileira. Nesse caso, sim, ela vê um risco de internacionalização de riquezas que considera estratégicas. Como se nota, até do ponto de vista daqueles que Bolsonaro considera seres superiores e acima de quaisquer interesses, nem todos que resistem a suas ideias um tanto fragmentadas estão movidos por más intenções.