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Reinaldo Azevedo

Movimentos temem que até 'like' baste para virarem terroristas no governo Bolsonaro

Reinaldo Azevedo

06/12/2018 07h00

Uma lei antiterrorismo que impeça o governo de criminalizar MST e MTST? Tem que mudar isso aí, tá ok?

Para movimentos de esquerda, o jargão do presidente eleito é a síntese perfeita do tom que Jair Bolsonaro, ainda candidato, adotou contra eles em fala reproduzida na avenida Paulista a duas semanas do pleito.

"Bandidos do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], bandidos do MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto], as ações de vocês serão tipificadas como terrorismo. Ou vocês se enquadram e se submetem às leis ou vão fazer companhia ao cachaceiro lá em Curitiba [Lula]", afirmou ele então.

Com a posse de Bolsonaro se avizinhando, esses grupos discutem como reagir à tentativa de colocá-los na ilegalidade. Alguns já detectam uma escalada de violência e ativismo judicial —que, dizem, vem sendo legitimada pela vitória de um presidente que fará o possível para retratá-los como um Estado Islâmico à brasileira.

A questão mais iminente é um projeto de lei que tramita no Senado para "disciplinar com mais precisão condutas consideradas como atos de terrorismo".

Trata-se de um texto proposto por Lasier Martins (PSD-RS), sob relatoria de Magno Malta (PR-ES), que se dispõe a alterar uma legislação contra práticas terroristas aprovada pela petista Dilma Rousseff em 2016, a meses da Olimpíada do Rio.

A ideia do projeto é reinserir um trecho, vetado pela então presidente, que criminaliza quem "incendiar, depredar, saquear, destruir ou explodir meios de transporte ou qualquer bem público ou privado".

Outra mudança proposta: considerar criminoso quem "louvar outra pessoa, grupo, organização ou associação pelos crimes de terrorismo".
(…)
Na Folha

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.