EUNICE PAIVA 5: Morte de Rubens Paiva é evidência de que AI-5 não queria combater guerrilha ou terrorismo; seu alvo era a democracia
A história de Rubens Paiva e de Eunice, que não pode ser esquecida — assim como o AI-5 —, revela um aspecto particular da perversão do "golpe dentro do golpe". Aquele ato não foi baixado para combater a guerrilha urbana ou ações terroristas das esquerdas armadas — que, com efeito, democracia não queriam. Aqueles grupos poderiam ter sido vencidos pela ordem legal, que já era, note-se, ditatorial, mas sem ainda a institucionalização do terrorismo de Estado. O AI-5, que impôs a ditadura absoluta, tinha como alvos alguns próceres do próprio regime, que haviam passado a incomodar, e democratas como Rubens Paiva. As ações armadas serviram de mero pretexto para a instauração da barbárie. A luta pacífica contra a ditadura incomodava muito mais. Por isso o AI-5 foi cassar cabeças no Congresso, no Supremo, nas universidades, nas artes, onde, ora vejam, não havia ninguém de trabuco na mão.
Eunice, que morreu neste 13 de dezembro de 2018, foi, de fato, uma heroína, uma guerreira. E desarmada, como seu marido.