BOLSONARO CONTRA OS MILITARES 6: Nos Brics, Bolsonaro cobrará que China liberte o Tibete, que Rússia devolva e Criméia e que Índia saia da Caxemira?
Sim, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, é uma das figuras mais desprezíveis do cenário internacional. O tal "Socialismo do Século 21", criado por Hugo Chávez, levou o país ao caos e ao desespero. Estima-se que quase 3 milhões de pessoas tenham decidido emigrar desde 2010. O Brasil recebeu, na verdade, até agora, um número pequeno de imigrantes: mais ou menos 50 mil venezuelanos resolveram fixar moradia no país. A Colômbia, por exemplo, abriga quase um milhão; o Peru, quase 500 mil. Dispensam-se licenças retóricas para chamar Cuba por aquilo que é: uma ditadura. Mas cabe a um governo já instalado ou a um que ainda nem se instalou selecionar os dirigentes aceitáveis e inaceitáveis de países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas? Mais: se Bolsonaro quer ser um dirigente relevante na América do Sul e na América Latina, conseguirá exercer esse papel distribuindo a governantes o título de "persona no grata"
Ora, a ser assim, então vamos submeter os países com os quais o Brasil se relaciona ao "teste da democracia e da tolerância". Vamos ver quantos passariam. Aliás, na próxima reunião dos Brics, o presidente brasileiro pode exigir: só aceita conversar se a China libertar o Tibete, se a Rússia devolver a Criméia à Ucrânia e se a Índia abrir mão da parte que lhe restou da Caxemira. Os regimes venezuelano e cubano são desprezíveis. Mas ninguém se elege presidente da República para ser juiz do mundo. Governantes que optam pelo diálogo tendem a ser mais influentes do que os optam pela interdição. Mais um mau começo de Bolsonaro.
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