Flávio Bolsonaro insiste na tese de que não lhe cabe dar explicações sobre a movimentação milionária de ex-assessor. Será tudo fake news?
A Família Bolsonaro não tem a imprensa em alta conta. E há por ali uma certa cultura do "não devo satisfações a ninguém, só a meus seguidores nas redes sociais". Até agora, não há uma explicação plausível para o fato de Fabrício Queiroz — oficialmente, motorista de Flávio Bolsonaro, senador eleito — ter movimentado em um ano R$ 1.2 milhão. Parte considerável das transações foi feita em dinheiro vivo, e nove dos depositantes eram funcionários de Flávio, incluindo três membros da família de Queiroz. Uma de suas filhas, Nathalia, era, oficialmente, funcionária do gabinete de Flávio e, depois, de Jair. De fato, trabalhava no Rio como "personal trainer".
Na cerimônia de diplomação dos eleitos do Rio, nesta terça, Flávio desconversou:
"Quem tem que dar explicação é o meu ex-assessor, não sou eu. A movimentação atípica é na conta dele. No meu gabinete todo mundo trabalha". E ainda: "Ele falou alguma coisa, que geria o dinheiro da família dele. Mas quem tem que explicar é ele. Quem tem que dar detalhes é ele. Eu não posso dar [essa explicação], ele me falou por alto. Eu não posso assumir uma responsabilidade que não é minha".
Agora, é "por alto". Quando o caso veio a público, ele afirmou que a versão de seu ex-assessor era "bastante plausível".
Nathalia, uma das depositantes, morava no Rio. Seus alunos não faziam ideia de que trabalhasse para os Bolsonaros. Outro que aparece na conta de Queiroz e que era, oficialmente, funcionário de Flávio é policial militar Wellington Sérvulo Romano da Silva. Passou nada menos de 248 dias em Portugal. Oficialmente, no entanto, era funcionário de Flávio.
Não há general Augusto Heleno que dê jeito nisso. Queiroz, ao lado de outros funcionários da Alerj, é alvo de uma investigação criminal. Antes onipresente na vida dos Bolsonaros, o homem desapareceu.