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Reinaldo Azevedo

PT BOLSONARISTA 1: Gleisi tem razão ao dizer que presidente usa partido para esconder suas falhas. Ocorre que o petismo se presta a isso

Reinaldo Azevedo

14/01/2019 15h52

"Ao invés de o Bolsonaro falar tanto do PT, deveria se empenhar em acertar seu governo, que comete erros em série. Mas entendo: falar mal do PT é pra não falar do Queiroz, do caixa dois do Onyx, das nomeações de parentes e amigos"…

 A declaração acima é da presidente do PT, a agora deputada Gleisi Hoffmann (PR). Ela tem razão.  É isto mesmo: o presidente consegue esconder a bagunça e o espetáculo de amadorismo de seu governo — se vai se arrumar ou não, eis matéria para outros postos — usando o PT como biombo. Não tendo como justificar as peripécias de um Onyx Lorenzoni ou a promoção do filho no vice no Banco do Brasil, Bolsonaro faz o quê? Larga o braço nos "companheiros". Mas aí vem a questão: o partido facilita ou dificulta a tarefa do chefe do Executivo?

A resposta não é menos óbvia. O presidente pode, se quiser, acordar todos os dias e indagar a algum assessor — ou mesmo recorrer às redes sociais em busca da resposta à seguinte pergunta: "Como é que os petistas vão me ajudar hoje a esconder as bobagens da minha turma de trapalhões?" E ele terá, então, um cardápio. Seria essa uma estratégia dos petistas? Também disso vamos tratar ao longo do tempo — e a minha tendência é achar que sim. E aqui cabe outra indagação: "Estratégia para quê? Qual é o objetivo?"

A presença de Gleisi à solenidade de posse do tirano Nicolás Maduro é dessas coisas que seriam incompreensíveis não atendesse ao universo mental místico em que transitam certos setores da esquerda, que nada mais fazem do que espelhar o, digamos, pensamento bolsonarista, São, sim, concepções de mundo em tudo opostas — e, por isso mesmo,  combinadas.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.