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Reinaldo Azevedo

Países europeus aprovam barreiras contra aço brasileiro

Reinaldo Azevedo

17/01/2019 03h18

Os países da União Europeia (UE) aprovaram nesta quarta-feira, 16, a imposição de novas barreiras contra o aço brasileiro e de outros exportadores. A proposta ainda precisa passar por um período de preparação final por parte da Comissão Europeia. Mas, diante do sinal verde por parte dos governos do bloco, Bruxelas já trabalha com sua entrada em vigor no início de fevereiro.

Em Genebra, diversos governos já falam em uma ação conjunta na Organização Mundial do Comércio (OMC), desta vez contra Bruxelas.  

Além de tratar do assunto diretamente com o bloco, o governo brasileiro pretende recorrer aos mecanismos multilaterais, como a OMC. De acordo com fontes do governo brasileiro, outra ideia é que o Brasil se aproxime de outros países exportadores de aço, o que deve ser tratado durante a reunião do Forum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), na próxima semana.

Uma das opções seria inclusive se aproximar da China para essa agenda específica. Segundo as fontes, retaliações à UE não estão sendo cogitadas. A ideia é que as restrições ao aço podem inclusive ajudar no acordo Mercosul/UE, sendo usado como uma moeda de troca para a questão.

Aço
O Brasil exporta cerca de 15 milhões de toneladas de aço por ano.

A medida, segundo os europeus, é uma resposta ao grande fluxo de produtos siderúrgicos que, segundo os europeus, passou a inundar o mercado local. A investigação foi aberta depois que o governo de Donald Trump decidiu erguer barreiras ao aço mundial, criando distorções e redireccionando para a Europa a produção que teria o mercado americano como destino. 

Pela proposta da Comissão Europeia, um total de 26 produtos siderúrgicos seriam taxados. A China sofrerá restrições em 16 produtos diferentes, contra 17 da Turquia e 15 da Índia.

No caso do Brasil, sete produtos dos 26 possíveis serão alvos de uma barreira, entre eles chapas, lâminas e certos tubos. O Brasil exporta cerca de 15 milhões de toneladas de aço por ano (US$ 8 bilhões), dos quais 18% vão para a União Europeia. Em 2017, foram exportados para o bloco 2,8 milhões de toneladas. Uma parte desse volume é de produtos semiacabados, que não foram incluídos na lista de restrição. 

Por meio de comunicado, um porta-voz da Comissão Europeia confirmou que Bruxelas "recebeu o apoio dos estados-membros hoje (quarta-feira) para seu plano de impor medidas definitivas sobre a importação do aço". Mas o Estado apurou que a aprovação das barreiras não ocorreu por unanimidade e que certos governos dentro do bloco questionaram as medidas. Ainda assim, a comissão conseguiu os votos necessários.

"Essas medidas têm como objetivo blindar os produtores de aço da Europa, depois do redirecionamento de comércio ao mercado europeu como resultado das ações unilaterais impostas pelos EUA para restringir as importações de aço para o mercado americano", indicou. "As medidas definitivas têm como meta preservar os fluxos de comércio tradicionais", justificou a UE.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.