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Reinaldo Azevedo

Flávio Bolsonaro: R$ 96 mil em 48 depósitos, em dinheiro vivo, em um mês e 5 datas; 15 feitos em 6 minutos: 1 a cada 18 segundos. Um espanto!

Reinaldo Azevedo

18/01/2019 22h48

A nota emitida pelo Ministério Público do Rio (ver post anterior) já permitia entrever que algo acontecia nos bastidores em relação a Flávio Bolsonaro, senador diplomado. Aquele relatório original do Coaf, que trazia a movimentação estranha de Fabricio Queiroz e outros funcionários da Assembleia Legislativa, não resultou em procedimentos de investigação criminal de parlamentares. Mas, a partir dele, o MP pediu informações adicionais ao Coaf, inclusive sobre a conta de Flávio. E é por isso que o político diz que teve seu sigilo quebrado. Eis uma velha questão: o repasse de dados do Coaf a órgãos de investigação não é considerado quebra de sigilo.

Bem, o "Jornal Nacional" teve acesso a parte do relatório do Coaf sobre a conta de Flávio. A coisa é assombrosa. Entre junho e julho de 2017, o filho de Bolsonaro recebeu, em dinheiro vivo, a bolada de R$ 96 mil. Reitere-se: em dinheiro vivo!

Mais estranho: foram feitos 48 depósitos em cinco datas. Todos em dinheiro, no valor de R$ 2 mil, assim distribuídos:

9 de junho de 2017: 10 depósitos no intervalo de 5 minutos, entre 11h02 e 11h07;
15 de junho de 2017: mais 5 depósitos, feitos em 2 minutos, das 16h58 às 17h;
27 de junho de 2017: outros 10 depósitos, em 3 minutos, das 12h21 às 12h24;
28 de junho de 2017: mais 8 depósitos, em 4 minutos, entre 10h52 e 10h56;
13 de julho de 2017: 15 depósitos, em 6 minutos.

Em casos assim, não é possível identificar o autor dos depósitos porque a identificação não é necessária.

Todos os depósitos foram feitos na agência bancária que fica na Assembleia Legislativa.

Um dado chama a atenção: 15 depósitos em 6 minutos — ou 360 segundos —, como aconteceu no dia 13 de junho de 2017, implica um depósito a cada 24 segundos; no dia 27 de junho, um a cada 18 segundos; n dia 9 de junho, um a cada 30 segundos.

Certamente se utilizou o caixa eletrônico. E, é bem provável, mesmo os depósitos em série foram feitos por mais de uma pessoa.

Só para lembrar o modus operandi. Lembram-se da conta de Fabrício Queiroz? Ela era alimentada, em parte, por dinheiro oriundo da conta dos funcionários do gabinete de Flávio. Os depósitos eram feitos imediatamente após o pagamento, pela Assembleia Legislativa, de seus respectivos salários. Na sequência, Fabrício fazia saques em dinheiro.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.